EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE CULTURAL: um olhar sobre o cotidiano de uma escola ribeirinha de Ensino Fundamental.

EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE CULTURAL: um olhar sobre o cotidiano de uma escola ribeirinha de Ensino Fundamental. Resumo O presente texto parte do diálogo desenvolvido em uma pesquisa realizada junto a uma escola de uma comunidade ribeirinha no interior do estado do Amazonas. Apresenta uma reflexão sobre as concepções de educação do campo em interação com os aspectos do que denominamos de uma Educação Ribeirinha. Busca compreender de que modo o processo formativo de seus (as) professores (as) e suas práticas cotidianas tem sido “desafiadas” pela perspectiva da interculturalidade. Sob esse olhar, o trabalho desdobra-se a apresentar, de modo particular, parte do cenário da Educação Ribeirinha, os desafios entre a prática do ensinar e aprender em meio a essa realidade do campo. À luz desse desafio, por fim, pretendemos que esse diálogo se amplie e contribua para que a temática da Interculturalidade ganhe novos olhares e novos contornos, nos debates de proporções nacionais e internacionais e, sobretudo, sirva para aprimorar não só a prática pedagógica das escolas ribeirinhas, mas todas aquelas que ainda são consideradas e tratadas como minoria. Palavras-chave: Educação do Campo/Ribeirinha; Cotidiano; diversidade cultural

Uma discussão sobre a natureza das pesquisas sobre conhecimento profissional do Professor: o caso do Bolema

Apresentam-se aqui os resultados de um estudo que pretende elaborar um panorama das pesquisas que têm como foco o conhecimento profissional do professor de/que ensina matemática (PEM), publicadas em periódicos de relevância nacional e internacional. Neste trabalho focaremos no Bolema que, dentre os 22 periódicos mais bem qualificados nas áreas de Educação e Ensino, é o único brasileiro voltado estritamente para a área de Educação Matemática. Para fins de análise, elaboramos um modelo analítico que engloba cinco diferentes dimensões do conhecimento do PEM e que são correspondentes às categorizações emergentes do processo de mapeamento de um conjunto de 453 trabalhos (artigos e resenhas) publicados entre 2012 e 2018 (período do estudo). A partir de termos chave, foram selecionados 251 artigos para compor o corpus analítico e este, quando analisado à luz do modelo proposto, foi reduzido ao número de 149 artigos. Esses 149 artigos foram reagrupados nas cinco categorias correspondentes ao modelo e, para efeito de exemplificação de análise e discussão a partir do modelo, neste trabalho, apresentamos três artigos que se encontram em três distintas categorias.

Experiências e projetos de futuro de jovens em semiliberdade

Experiências e projetos de futuro de jovens em semiliberdade RESUMO Apresenta resultados de uma pesquisa que teve como foco investigar a condição juvenil de jovens em situação de restrição de liberdade. Para tanto, buscou-se compreender os sentidos atribuídos pelos jovens às experiências da medida socioeducativa de semiliberdade em um município no interior de Minas Gerais e seus projetos de futuro. O referencial teórico e metodológico ancorou-se na Sociologia da Juventude e na Sociologia da Experiência. Trata-se de um estudo qualitativo, desenvolvido através de análise de documentos, observações participantes e entrevistas semiestruturadas com 16 jovens com idades entre 13 e 18 anos. A relação com os projetos de futuro era estabelecida pelos jovens de maneira muito distante, prevalecendo uma adesão ao tempo presente. Os jovens alimentavam o desejo de sair da condição de contravenção e, ao mesmo tempo, não viam perspectivas de romperem os laços e compromissos com o mundo do crime, o que se configurou em uma experiência trágica. Palavras-chave: Educação; Juventude; Medidas socioeducativas; Experiência social; Projetos de futuro

O projeto Saberes Indígenas como um instrumento de formação e capacitação dos professores indígenas

Resumo: O presente trabalho é resultado do processo de discussão desenvolvido a partir do projeto de pesquisa e extensão: Ação Saberes Indígenas na Escola, que visa a elaboração de materiais didáticos/pedagógicos específicos para cada povo e elaborado pelos próprios professores indígenas, com a participação dos seus alunos em atividades de pesquisa com os sabedores de cada comunidade. Nesse trabalho foi possível perceber que a produção de materiais didáticos com significado e que reflete a realidade de cada povo contribui no aprendizados escolar. Palavras Chave: Materiais didáticos; Saberes tradicionais; Escola.

NOTAS SOBRE ATENÇÃO E EDUCAÇÃO

NOTAS SOBRE ATENÇÃO E EDUCAÇÃO RESUMO O presente artigo se propõe a sintetizar alguns estudos e reflexões desenvolvidas sobre o fenômeno e o conceito de atenção a partir de possíveis associações com o campo educacional. Considerando que os significados atribuídos ao par atenção-desatenção em nosso contexto mais contemporâneo configuram-no como um importante problema de pesquisa, especialmente para a Educação, procuramos investigar, inicialmente, sua origem etimológica bem como alguns dos sentidos mais gerais atribuídos a ele, inclusive pela tradição filosófico-científica. Em seguida, associando esta primeira referência, buscamos refletir de modo mais aprofundado o problema apoiando-nos em importantes filósofos contemporâneos que direta ou indiretamente o abordaram como meio de desvelar o humano naquilo que traz de mais essencial e próprio. Como conclusão, questionando diferentes sentidos superficiais elaborados a partir do que poderíamos denominar um senso comum educacional que terminam por transformar a atenção num “falso problema”, procuramos desconstruir tal enfoque remetendo-nos à problematização filosófico-educacional de Paulo Freire tecida justamente em associação às referências filosóficas elegidas anteriormente. PALAVRAS-CHAVE Atenção; educação; homem; animal; criação.

Os outros do currículo de masculinidade dos torcedores de estádios de futebol

Neste trabalho, através dos conceitos de currículo de masculinidade dos torcedores de futebol, gênero, heteronormatividade e invisibilidade da norma, procuro problematizar como os sujeitos protagonistas destes currículos, homens heterossexuais, narram suas alteridades reforçando a naturalização desse espaço como um local exclusivo para determinados atores. Para tanto, realizei diálogos com pequenos grupos de torcedores, quase sempre duplas ou trios, nos quais me inseria para discutir algumas das percepções desses indivíduos sobre mudanças contemporâneas no exercício do torcer. Essa marcação relativa aos “outros” do estádio, sejam mulheres, homossexuais, crianças ou, mesmo, as famílias, acaba reforçando o caráter normativo dos homens e de suas masculinidades neste contexto. Dentro dessas representações, os sujeitos masculinos heterossexuais acabam definindo práticas desejáveis e/ou adequadas nesse contexto. Os torcedores de futebol aprendem desde cedo que após um jogo sempre vem outro jogo. Se até aqui o jogo de gênero deu ampla superioridade à masculinidade heterossexual, outros jogos precisarão ser jogados e nessa repetição, as vitórias e derrotas poderão trocar de lado. Palavras-chave: currículo de masculinidade; gênero; torcedores; futebol; estádio.

O discurso bilíngue na escola: a experiência da auto narração como estratégia para pensar os processos de subjetivação de alunos surdos

O discurso bilíngue na escola: a experiência da auto narração como estratégia para pensar os processos de subjetivação de alunos surdos A proposição deste artigo é problematizar os significados que vêm sendo produzidos sobre o sujeito surdo bilíngue na escola de surdos. Os fragmentos enunciativos compõem essa malha discursiva e vão subjetivando o aluno no contexto educacional institucionalizado. Para dar conta de tal problemática, a análise empreendida tomou como base os dados de uma pesquisa realizada em escolas de surdos por universidades do Rio Grande do Sul, e a partir das recorrências discursivas quanto a educação bilíngue foi proposta uma ação específica em uma das escolas pesquisadas. Considerando esse espaço como lócus privilegiado na produção de saberes no que tange ao sujeito bilíngue foram realizadas oficinas culturais. A estratégia metodológica se deu a partir de exercícios de auto narração que produziram materialidades como fotos, imagens, desenhos, esculturas, músicas e textos, constituindo o corpus analítico da pesquisa. Neste sentido, os saberes produzidos dizem do sujeito e os modos pelos quais ele é tecido socialmente, em específico neste trabalho, na escola. Palavras-chave: sujeito bilíngue; escola de surdos; oficinas culturais; subjetivação.

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO: O OLHAR DAS DOCENTES FACE À APROPRIAÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA NO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO: O OLHAR DAS DOCENTES FACE À APROPRIAÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA NO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO RESUMO O presente ensaio procurou analisar como as alfabetizadoras de duas Unidades de Ensino vinculadas à Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, organizam o trabalho pedagógico no Bloco Inicial de Alfabetização, bem como, conhecer as concepções de ensino e aprendizagem que norteam suas práticas, face às mudanças didático-pedagógicas, para o ensino da leitura e da escrita, identificando os principais materiais utilizados. Para a concretização deste estudo foram realizadas entrevistas semiestruturadas direcionadas às docentes alfabetizadoras no segundo semestre letivo do ano de 2018. Os resultados apontaram, como as professoras concebem o processo de alfabetização e letramento face às mudanças materializadas após a década de 1980, bem como, a apreensão das potencialidades e os limites dos procedimentos metodológicos empregados, incluindo o livro didático. Palavras-chave: Organização do Trabalho Pedagógico. Alfabetização. Letramento. Livro didático.

Carmem Portinho: “Uma engenheira que lutou para vencer: de professora de matemática à chefe de Departamento”

Carmem Portinho: “Uma engenheira que lutou para vencer: de professora de matemática à chefe de Departamento” [i] Resumo O presente artigo traz o percurso profissional de Carmem Velasco Portinho, que no início do século XX tornou-se, ainda enquanto estudante de engenharia, a primeira mulher a ingressar como professora do internato do Colégio Pedro II, para lecionar aritmética. Por se tratar de uma instituição de ensino secundário que desde o início de seu funcionamento, em 1838, até o ano de 1926, possuía em seu quadro docente apenas homens, este estudo nos ajuda a pensar o papel da mulher na sociedade daquela época, buscando focar em seu protagonismo, além de indicar alguns obstáculos e conquistas. Sob uma perspectiva relacional, trazida por Perrot (2017), tratamos não apenas das relações estabelecidas entre homens e mulheres, como também buscamos situar seu percurso individual em um contexto mais amplo, com base na abordagem da micro-história, tendo como referência Ginzburg, 2006) e nos estudos de Dubar (2012) sobre a constituição de identidades profissionais. Palavras-chaves: História das mulheres; percurso profissional; Carmem Portinho; Colégio Pedro II [i] Título da notícia do jornal Diário de notícias , 20 abr. 1952, referente à entrevista concedida por Carmem Portinho.

O que pensam professores sobre a reprovação e os ciclos

O QUE PENSAM PROFESSORES SOBRE A REPROVAÇÃO E OS CICLOS Resumo O objetivo deste trabalho é analisar as crenças sobre reprovação de um grupo de professores do ensino fundamental, assim como se estas crenças podem estar relacionadas às atitudes sobre o rendimento escolar nas escolas onde lecionam. Para isso, foram realizadas entrevistas com professores de duas escolas públicas do município de Contagem, Minas Gerais, posteriormente analisadas segundo categorias qualitativas e por meio de técnicas estatísticas exploratórias, em busca de estruturas analíticas para as opiniões dos professores. Os resultados mostram que muitos professores ainda creem na reprovação e em que ela possa melhorar o aprendizado dos alunos. Além disso, há uma relação entre os professores acreditarem na reprovação e existir um efeito atraso na escola onde trabalham. Concluímos que a permanência dessa crença favorece a persistência da reprovação que, por sua vez, contribui para a reprodução da escola pública que segrega e exclui. Palavras-chave: atraso escolar, crença na reprovação, ciclos.