ENSINO DOMICILIAR, OBRIGATORIEDADE ESCOLAR E RECONFIGURAÇÕES DO DIREITO A EDUCAÇÃO

ENSINO DOMICILIAR, OBRIGATORIEDADE ESCOLAR E RECONFIGURAÇÕES DO DIREITO A EDUCAÇÃO Resumo O texto discute a proposição do ensino domiciliar à luz da reconfiguração do direito à educação no Brasil que ameaça a escolarização obrigatória constitucionalmente assegurada. A adoção, nos últimos anos, de políticas públicas que subvertem e limitam as expectativas de expansão e de ampliação do acesso ao sistema de ensino público abre espaço para a metamorfose da escola pública e para a redução do papel do Estado na oferta da educação. O ensino domiciliar ou homeschooling é um projeto de educação mais restritivo e excludente, que restringe o social ao familiar dissociando o indivíduo da sociedade mais ampla, impondo prejuízos à formação cidadã de crianças e jovens. Discutimos como o ensino domiciliar se articula com processos de desfinanciamento e privatização da educação, atende a interesses do mercado empresarial e induz a propostas de desescolarização, em cenário de extremo conservadorismo e controle ideológico do currículo, das instituições educativas e seus profissionais, afinado com o fundamentalismo religioso que informa e orienta o homeschooling brasileiro. Palavras-chave: homeschooling ; desescolarização; privatização; desfinanciamento.

ATENDIMENTO DE ESTUDANTES INCLUÍDOS PELA LEI DE COTAS NA REGIÃO SUL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DOS DOCUMENTOS INSTITUCIONAIS

Há poucos estudos sobre democratização da ES da perspectiva das políticas de assistência ao estudante. Es s e texto debate a democratização por e s t e prisma, em uma IFES do sul do país, caracterizando como concebe a estrutura de atendimento a os estudantes em órgãos de assistência após implementação da Lei de Cotas. Parte do princípio da educação como bem público e direito social; dever do Estado . Portanto, abaliza a necessidade de políticas governamentais e institucionais que garantam não apenas o acesso, mas também a permanência e o sucesso de estudantes dos grupos historicamente excluídos da ES e atendidos pela Lei de Cotas. Com abordagem qualitativa e usando a análise documental , busca identificar como os documentos institucionais concebem a estrutura de atendimento destes sujeitos em termos: (i) das demandas identificadas; (ii) dos espaços criados; (iii) dos serviços oferecidos. Os resultados apontam ampliação da estrutura institucional, tendência em priorizar aspectos ‘formais’ e objetivos do atendimento, como assegurar bolsas, moradia e alimentação, em segundo plano questões pedagógicas e relacionais. Palavras-chave : Políticas de Ação Afirmativa; Democratização da Educação Superior; Inclusão; Atendimento ao Estudante; Gestão de Ações Afirmativas.

Mulheres negras: luta, resistência e libertação

Mulheres negras: luta, resistência e libertação RESUMO Neste ensaio, evidencia-se a interseccionalidade das dimensões da opressão econômica, política e ideológica de sistemas dominadores que oprimem as mulheres negras. Reflete-se sobre feminismo negro e os processos de luta, resistências e de organização de mulheres negras, fundamentados no pensamento das intelectuais feministas afro-americanas Ângela Davis (2013), Kimberlé Crenshaw (2002) e Patrícia Collins (2000) e das brasileiras Lélia Gonzáles (1980), Sueli Carneiro (2003) e Luiza Bairros (1995). Utilizou-se metodologicamente um levantamento bibliográfico sobre a temática. Com leituras reflexivas, buscou-se uma compreensão crítica sobre os processos teóricos e práticos das trajetórias de lutas e resistências das mulheres negras, as múltiplas opressões. PALAVRAS CHAVES: feminismo negro; luta; resistência; mulheres negras

“O futuro é uma caixinha de sonhos ” … campo, mulheres, formação e trabalho

“O futuro é uma caixinha de sonhos ” … campo, mulheres, formação e trabalho RESUMO O texto apresenta o processo de produção de um registro fílmico como produto da pesquisa sobre estudantes do ensino médio subsequente realizada entre 2016-2018 com financiamento do CNPQ. A pesquisa aponta para um cenário de educação profissional comprometido com a formação técnica de seus estudantes, no trabalho voltado para a área da agropecuária e o seu possível desenrolar em formações do ensino superior em áreas correlatas. O texto lida com as categorias: juventude, trabalho e campo, busca ilustrar a riqueza do trabalho realizado e o potencial discursivo e analítico que tal recurso didático poderá ter em espaços formativos em torno do debate da Educação do Campo. O filme foi realizado com mulheres jovens sobre suas condições de vida, percepções de trabalho, juventude, campo, presente e futuro. O fato de estarmos diante das “câmaras” trazia um elemento diferenciado para os sujeitos de pesquisa, jovens atentas às capturas de imagens, equilibrando-as com narrativas de si e dos arredores que “ganhariam mundo”. As narrativas apontam para as contradições existentes na condição juvenil rural e seus desafios na sociedade contemporânea. Palavras Chaves: campo – juventude rural – formação – trabalho

SOBRE ARTE, DESEJOS E FORMAÇÃO DOCENTE: (RE) ANIMAR CAMINHOS

SOBRE ARTE, DESEJOS E FORMAÇÃO DOCENTE: (RE) ANIMAR CAMINHOS Resumo Resultado de uma pesquisa de mestrado, este texto traz à discussão o tema da formação estética docente. A pesquisa contou com a colaboração de vinte e quatro professoras de Educação Infantil da rede pública de um município fluminense, fundamentou-se nas abordagens (auto)biográficas e assumiu as perspectivas da arte como conhecimento e da educação estética como dimensão da existência que é tecida nas relações socioculturais, no cotidiano. Que histórias e desejos, envoltos à arte, são revelados no exercício de lembrar e narrar? Por meio da proposição de exercícios de memória, privilegiou-se o diálogo com narrativas docentes que contam sobre os espaços da arte em suas vidas. As narrativas produzidas indicam que a sensibilidade estética é cultivada nas formas culturais experimentadas e reafirmam que a estética é o contrário da indiferença. Nesse caminho, ajudam-nos a perceber a arte como oportunidade de ampliar sentidos e conexões, na formação e na prática docentes. Palavras-chave: Formação estética docente. Arte. Narrativas (auto)biográficas. Educação Infantil.

Da alegria de brincar à pressão para render: as crianças e o controle do tempo dos adultos

DA ALEGRIA DE BRINCAR À PRESSÃO DE RENDER: AS CRIANÇAS E O CONTROLE DO TEMPO DOS ADULTOS Resumo: Neste artigo, em formato de ensaio, buscamos a reflexão demarcada por uma dicotomia na Educação Infantil onde, de um lado temos o tempo cronometrado, medido, regulado pela opressão dos relógios dos adultos, concebido pela objetividade dos números, horários e rotinas, representante do mundo pensado, racionalizado. De outro, temos o tempo sentido, percebido pelas crianças, a subjetividade, a experiência e o acontecimento, representantes do mundo vivido. Concluímos que, não obstante a feição social do tempo, pode possibilitar as crianças expandir suas capacidades criativas e inventivas e ser uma aposta ético-política para enfrentar a instrumentalização do tempo e seu domínio na experiência escolar. Palavras-chave: Brincar. Tempo. Educação Infantil.

Em nome do “Ensino Explícito”: demandas discursivas por controle nas políticas de currículo para a educação científica

RESUMO : Meu foco, neste texto, é o debate em torno da demanda por “ensino explícito” historicamente presente nas políticas curriculares voltadas à educação científica, articuladas sob o nome Natureza da Ciência (NdC). Mediante um enfoque discursivo pós-estrutural da política e do currículo, busco mostrar como essa demanda específica da educação científica manifesta-se e promove aderência entre agentes públicos atuantes nas comunidades epistêmicas de Ensino de Ciências. Volto-me, também, à interpretação dos antagonismos produzidos mediante a defesa do “ensino explícito”, tentando perceber o exterior que articula os discursos em questão. Concluo defendendo que, a despeito do forte pacto hermenêutico constituído em torno do significante NdC e da demanda por “ensino explícito”, possivelmente jamais haverá uma significação essencial e positiva nas políticas de currículo capaz de erradicar, de modo absoluto, os antagonismos, os conflitos e as disputas discursivas pela significação da educação científica em seu acontecimento cotidiano. Palavras-chave : Ensino explícito; Natureza da Ciência; Política de currículo; Pós-estruturalismo

PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA: APONTAMENTOS POLÍTICOS E EPISTEMOLÓGICOS

PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA: APONTAMENTOS POLÍTICOS E EPISTEMOLÓGICOS RESUMO O presente texto é fruto de pesquisa desenvolvida com o objetivo de analisar os princípios políticos e epistemológicos de implementação do Programa Residência Pedagógica (PRP) no contexto das políticas educacionais de formação de professores. Discutimos alguns marcos legais e tomamos como referência as análises de Ball (2001) focalizando a fase de constituição da agenda e a relação com sua implementação. Assim elegemos dois âmbitos de construção de agenda, chamando-os de “Agenda política- níveis nacional e internacional” e “Agenda científico-institucional”. Em termos de políticas vemos iniciativas desconectadas na construção da agenda, embora observe-se a relação entre a iniciação à docência com experiências positivas. Já o sentido de residência ainda é frágil e não dialoga com processos de inserção na carreira docente de modo mais consolidado. As análises científicas e as experiências institucionais parecem ter estabelecido um diálogo mais aproximado. Em contrapartida, as políticas têm promovido uma visão segmentada entre as dimensão teórico-prática presente no trabalho do professor. Palavras-chave : Políticas públicas. Formação inicial. Residência pedagógica.

POLÍTICA DE CORREÇÃO DE FLUXO: EVIDÊNCIAS DE DESIGUALDADES NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO ATRAVÉS DO ESTUDO DAS TRAJETÓRIAS ESCOLARES

Resumo Este estudo tem por propósito analisar as desigualdades observadas nas trajetórias escolares de alunos que cursaram o 5º ano do ensino fundamental em 2010, matriculados em projetos de correção de fluxo entre 2011 e 2013, até os desfechos das trajetórias em 2014. Baseia-se nos dados referentes à heterogeneidade das transições escolares que podem resultar em trajetórias mais ou menos acidentadas e desfechos diferenciados. Na análise das possíveis relações entre a política de correção de fluxo, as trajetórias escolares e os perfis dos alunos foram utilizados dados do Censo Escolar e da base de matrículas da rede de ensino, cotejados aos documentos oficiais. Os resultados indicam que (1) a política de correção de fluxo não favoreceu trajetórias regulares e desfechos equânimes que indiquem processos longevos de escolarização; (2) estratos socialmente mais privilegiados, ou seja, alunos brancos, do sexo feminino, alcançam desfechos mais promissores, sugerindo que a política não reduziu as desigualdades já acentuadas na sociedade e no interior do sistema. Palavras-chave : trajetórias escolares, correção de fluxo, desigualdades educacionais .

JUVENTUDE PESCADORA DE CAMETÁ-PA: QUESTÕES CONCEITUAIS, DE CLASSE E O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E VIVENCIA DO SER JOVEM NA AMAZONIA

JUVENTUDE PESCADORA DE CAMETÁ-PA: QUESTÕES CONCEITUAIS, DE CLASSE E O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E VIVENCIA DO SER JOVEM NA AMAZONIA [1] RESUMO: Discutimos aqui como o “ser jovem” está a se materializar para um conjunto de sujeitos que hoje produzem suas existências a partir do trabalho da pesca no município de Cametá-Pa, Amazônia, Brasil. Referenciado no materialismo histórico-dialético e aplicando entrevistas semiestruturadas, destacamos as negações, contradições e lutas que medeiam a construção e vivencia do ser jovem para sujeitos que estão na faixa etária entre 15 e 25 anos. Concluímos que os jovens pescadores de Cametá vivem esse momento não de maneira plena e socialmente realizável, mas sim truncada, e, não raras vezes protelada, mas que, contudo, também resistem e lutam contra as negações que são por eles vividas, mostrando também uma clara compreensão da realidade contraditória da qual fazem parte. Palavras-chave: Juventude Pescadora. Classe Social. Processo de Construção e vivencia do ser Jovem. [1] O texto em questão é um recorte da dissertação “JUVENTUDE, TRABALHO E EDUCAÇÃO: a formação da identidade pescadora dos jovens da Colônia de Pescadores Artesanais Z- 16 de Cametá-Pará”, defendida em 2016 no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED), Universidade Federal do Pará.