APROPRIAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO DO PNAIC: elementos para uma reflexão a partir do que ocorreu na sala de aula de uma escola pública

APROPRIAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO DO PNAIC: elementos para uma reflexão a partir do que ocorreu na sala de aula de uma escola pública Este artigo apresenta resultados parciais de pesquisa de doutorado, que discute apropriações do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Nosso construto teórico-metodológico sustenta-se em Bakhtin, Paulo Freire e nos Novos Estudos do Letramento (BARTON e HAMILTON, 2004; STREET, 2004, 2010). As análises sobre os eventos de letramento em uma turma de 2º ano, de uma escola em Recife, apontam para uma concepção ainda tradicional de alfabetização; mas que, por outro lado, guarda elementos que estão na base da proposta do PNAIC, como o foco na apropriação do Sistema de Escrita Alfabética – SEA, o monitoramento das escritas infantis em níveis psicogenéticos e uma tentativa de lidar com a heterogeneidade. Nós argumentamos que políticas e práticas de alfabetização que consideram o SEA como o objeto deste processo, tendem a esvaziar a escrita de sua natureza política, social e cultural, comprometendo a formação crítica das nossas crianças. Palavras chave: PNAIC. Eventos de letramento. Alfabetização.

A CRIANÇA INDÍGENA NAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO: BALANÇO DE UMA DÉCADA DE ESTUDOS

Resumo No presente texto, investigamos o lugar da criança indígena nas pesquisas em Educação. Como as pesquisas abordam a educação da criança indígena? Como tratam dos processos de transmissão de conhecimento? Como as pesquisas em Educação abordam temas como a construção da noção de pessoa, a corporalidade ou a dimensão cosmológica do grupo na educação da criança? Como tratam o ponto de vista das crianças indígenas e das suas produções? Analisamos 51 trabalhos (dissertações e teses) de Programas de Pós-Graduação em Educação, produzidos entre 2007 e 2018. Utilizamos como palavras-chave : “criança”, “indígena”, “infância” e “educação”. A quantidade de pesquisas sobre a criança indígena ainda é pequena e dispersa. A maior parte orbita em torno de temas como a Educação indígena e a Educação Escolar. Identificamos um movimento crescente de trabalhos mais conectados aos estudos e discussões da Antropologia da criança. Ainda assim, as pesquisas pouco exploram o lugar das crianças indígenas no plano político, religioso e cosmológico de seu grupo. Selecionamos algumas etnografias para aprofundar a análise. Palavras-Chave: Criança indígena. Infância. Educação.

A GESTÃO DA EDUCAÇÃO E A PERSPECTIVA DEMOCRÁTICA NAS ESCOLAS DA REDE DE ENSINO DE MANAUS-AM

RESUMO: Este artigo é decorrente de uma pesquisa de mestrado. Trata sobre a gestão escolar democrática nas escolas da rede pública da cidade de Manaus (AM). O objetivo principal é compreender o processo da gestão escolar democrática das escolas municipais de Manaus. Utilizou-se a pesquisa de campo, de natureza qualitativa com utilização da entrevista semiestruturada, com uso de gravador para coleta de dados, em quatro escolas, de quatro divisões distritais, das sete que compõem a organização estrutural da SEMED, com gestores, professores e pais de alunos. Com base na análise, observou-se que as respostas manifestadas pelos entrevistados foram bastante confusas e inconsistentes, não havendo um entendimento claro de como esse tema tem sido materializado nas escolas públicas, além de uma confusão que os mesmos fazem do termo gestão, relacionando-o diretamente com normas, disciplinas e regras que devem ser imprescindíveis na organização escolar, levando a concluir haver a necessidade de um diálogo constante com o todo social que rodeia a escola na perspectiva de compreender qual o sentido real da gestão escolar democrática.

EXU E A PEDAGOGIA DAS ENCRUZILHADAS: EDUCAÇÃO, ANTIRRACISMO E DECOLONIALIDADE

Este trabalho é resultado de uma pesquisa de doutorado em Educação e apresenta Exu, divindade iorubana transladada na diáspora, como fundamento para a proposição de uma Pedagogia das Encruzilhadas, projeto político/poético/ético antirracista e decolonial. Assim, parto da defesa da não redenção do colonialismo e problematizo a continuidade de seus efeitos na formação de um mundo múltiplo e inacabado, lido, aqui, a partir da disponibilidade conceitual da encruzilhada de Exu. A pedagogia proposta lança uma série de conceitos que confrontam a arrogância e a primazia dos modos edificados pelo Ocidente-europeu. Dessa forma, a proposta que por ora se lança aponta outros caminhos: a partir de sabedorias de fronteira, sapiências reconstrutoras dos seres que, na invenção do Novo Mundo, foram submetidos à política de subordinação e morte do racismo. A educação, nesse sentido, emerge como possibilidade de invenção dos seres, uma resposta responsável e comprometida com a justiça cognitiva/social, com o combate ao racismo epistêmico e com a vida em toda sua diversidade. Exu- Pedagogia das Encruzilhadas- Antirracismo.

O Conselho de Educação Superior nas Repúblicas Americanas (1958-1978): cooperação ou intervenção nas políticas públicas do ensino superior na América Latina?

Este texto tem como objetivo examinar a trajetória do Conselho de Educação Superior nas Repúblicas Americanas no período de 1958 a 1978. Trata-se de uma instituição ainda não estudada pela historiografia da educação brasileira. O Conselho abrigou, em seus quadros, intelectuais estadunidenses e latino-americanos com o intuito de elaborar recomendações para a solução dos problemas relativos ao ensino superior no continente americano. Através de uma pesquisa de caráter documental, foi possível mapear as decisões do Conselho e avaliar o potencial de cooperação ou intervenção nas políticas públicas para ensino superior na América Latina. A metodologia utilizada repousa nos aportes da História Política e História Intelectual. Palavras-chave: História da Educação Latino-Americana. Trajetória de intelectuais. Políticas Públicas para o Ensino Superior. América Latina, anos 1950 a 1970.

DIDÁTICA E EDUCAÇÃO NÃO ESCOLAR: UM ENSAIO SOBRE PISTAS CONCEITUAIS E ITINERÁRIOS EMERGENTES

Resumo: Trata-se de um ensaio conceitual que tece considerações sobre a emergência e itinerários da Didática em práticas educativas situadas para além dos espaços escolares. A partir de um exame teórico dos estatutos da Didática e da lógica que institui a Educação Não Escolar (ENE) como lócus de atuação de educadores(as), aponta-se que tal emergência se configura com base em arranjos plurais de relações educativas e na circulação de saberes e modos de ação inspirados por intencionalidades formativas que se vinculam a diferentes contextos pedagógicos. Como um acontecimento didático, a ENE passa a ser reconhecida sob uma lente que articula as dimensões da concepção, do planejamento, da mediação metodológica, da relação educativa, do processo curricular e da avaliação de uma prática educativa não escolar com as especificidades dos contextos em que elas se situam. Nesses itinerários inventivos, a Didática é convidada a conceber as mediações das múltilpas determinações e contradições que provocam a proliferação de tantas práticas institucionalizadas de ENE no Brasil. Palavras-chave: Didática. Educação Não Escolar. Pedagogia.

O COMPLEXO EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA DE DIDÁTICA NOS CURSOS DE LICENCIATURA: A RELAÇÃO CONTEÚDO E FORMA.

O COMPLEXO EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA DE DIDÁTICA NOS CURSOS DE LICENCIATURA: A RELAÇÃO CONTEÚDO E FORMA. Resumo: O estudo decorre de uma pesquisa realizada em uma Universidade confessional localizada na região metropolitana de Porto Alegre com o intuito de compreender como a prática dos docentes de Didática Geral e Didática Específica se constitui em conteúdo da própria matéria de ensino. A professoralidade em ação, constitui-se em conteúdo pedagógico pois o professor está sempre exposto à relação entre o que faz e o que diz. Tendo como objeto as licenciaturas de Pedagogia e Biologia, a investigação, na perspectiva qualitativa de inspiração etnográfica. Cotejando com as observações em sala de aula, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas para compreender como os docentes construíram a sua profissionalidade, a partir da análise das suas trajetórias profissionais. Os resultados da pesquisa apontaram que a maioria dos docentes expressou preocupação com a relação entre a forma e o conteúdo no exercício de suas práticas . Serviram como fundamento teórico as contribuições de Pimenta (1998),Anastasiou (1998), Balzan (1998), Cunha (1989, 1998) entre outros. Palavras-chave: Didática. Licenciaturas.Prática pedagógica.

DESESCOLARIZAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL NAS PERIFERIAS URBANAS DE PORTO ALEGRE: ENTRE O ENSINO E A GESTÃO DA POBREZA

Desescolarização do Ensino Fundamental nas periferias urbanas de Porto Alegre: entre o ensino e a gestão da pobreza Resumo: O presente artigo trata dos processos de desescolarização da escola e gestão da pobreza que têm marcado profundamente a atuação de escolas públicas de Ensino Fundamental. Neste trabalho discutimos as incidências da desescolarização sobre o desenvolvimento do trabalho e do currículo escolar no contexto de escolas da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, com base em duas pesquisas de caráter etnográfico realizadas neste contexto. Os estudos evidenciam que a precarização, identificada na última década, da proposta pedagógica da Escola Cidadã, que marcou historicamente a Rede de Porto Alegre como referência no trabalho com a educação popular na década de 1990, tem trazido desafios expressivos para o trabalho e para o currículo escolar, potencializando o processo de desescolarização. Os estudos trazem ainda evidências de como as escolas e seus professores reagem em meio a este cenário e demonstram como alternativas podem ser pensadas e aprimoradas para retomar e fortalecer a função primordial dessas instituições: a educação escolar. Palavras-chave: Desescolarização da escola. Gestão da pobreza. Currículo Escolar. Periferias urbanas.

A pesquisa como possibilidade de resistência à lógica medicalizante

A pesquisa como resistência à lógica medicalizante Desde o início do século XX, o campo de estudos sobre o estudante que não apresenta a performance esperada pela escola fundamenta-se em explicações centradas no indivíduo (SOUZA, 2010), explicitando os processos de medicalização da Educação, ou seja, transformando problemas de ordem social, econômica e escolar em problemas biomédicos, com ênfase em explicações advindas da Medicina e da Psicologia (MOYSÉS, COLLARES, 2010). As críticas elaboradas a esse processo retomam discussões sociopolíticas e analisam os efeitos de explicações medicalizantes. A fim de compreender como a temática da medicalização da Educação tem sido tratada por diferentes campos do conhecimento, destacadamente a Psicologia, a Medicina e a própria Educação, empreendemos uma pesquisa de caráter bibliométrico (SILVA et al , 2011), a partir das bases de dados dos portais SciELO, PubMed, Medline totalizando 23 trabalhos. Os resultados indicam a prevalência de estudos do campo da Psicologia na discussão do processo de medicalização da Educação com pouca penetração nas áreas da Medicina e da Educação. Assim, tais áreas, sobretudo a Educação, mantêm-se mais permeável aos discursos medicalizantes. Palavras-chaves: Medicalização da Educação; Psicologia; Educação.

O estatuto do trabalho do professor da escola: desafio político para ser pensado nos cinquenta anos do estágio (1969 a 2019)

O estatuto do trabalho do professor da escola: desafio político para ser pensado nos cinquenta anos do estágio (1969 a 2019) O itinerário de institucionalização do estágio (cursos de formação de professores) pode ser visto no intercurso que compreende a Resolução n.9 de 1969 até a política nacional recente de formação de professores no Brasil (PIBID, Residência Pedagógica). Este trabalho se pergunta sobre o trabalho do professor da escola básica junto ao estágio obrigatório na formação inicial de professores. A metodologia envolve documentos de natureza normativa, revisão de literatura e dados de pesquisa envolvendo professores da escola básica com função de supervisores de estágio, estudo documental de PPP de escolas (campos de estágio). Guia-se pela hipótese de que o trabalho desempenhado pelo professor da escola não é reconhecido como trabalho, tendo sido historicamente, naturalizado. A falta de reconhecimento deste trabalho colocaria o estágio numa zona de invisibilidade que o ameaça, ao mesmo tempo que dele se subtrai as principais características transplantadas para programas paralelos à formação inicial. Palavras-chave: Estágio; formação inicial de professores; trabalho; escola.