PROJETOS DE VIDA DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES PARA FORMAÇÃO CONTINUADA E INTERVENÇÕES NA ESCOLA

O presente estudo objetiva analisar os projetos de vida de professores, verificando como compreendem o impacto da sua atividade profissional na vida dos estudantes. Participaram desse estudo 13 professores de uma escola de ensino médio da rede estadual de São Paulo, que participa do Programa de Educação Integral. Os participantes responderam a um questionário e foram entrevistados com base no questionário Youth Purpose Interview . A análise foi embasada no instrumento teórico-metodológico dos Modelos Organizadores do Pensamento. Foram identificados seis modelos organizadores, dentre os quais destacamos: projetos voltados ao compromisso com atividades da rotina, o estabelecimento do trabalho como forma de sustento da família, o trabalho como realização pessoal e a educação como realização pessoal e impacto na vida dos estudantes. Dos 13 educadores participantes, cinco veem sentido na sua atividade profissional e, desses, apenas três compreendem os impactos da sua atuação nas trajetórias dos estudantes. Tais resultados trazem indícios importantes para a formação continuada dos professores, como a necessidade de promover o autoconhecimento dos educadores e de sensibilizá-los em relação aos fins de suas atividades profissionais.

Mal de arquivo – Um desafios para a Filosofia da Educação?

Mal de arquivo – Um desafio para a filosofia da educação? Resumo: A partir da reflexão extraída do livro Mal de arquivo: uma impressão freudiana , de Jaques Derrida, o artigo pretende investigar as consequências da metáfora de “mal de arquivo” para o campo da filosofia da educação. Por intermédio da crença de que a tradição do reprimido se inscreve na ideia de arquivo, procura potencializar o termo para interpretar alguns problemas existentes no campo da relação entre filosofia e educação. Especialmente, dirige o olhar para a forma como surge o discurso da filosofia, bem como a dinâmica cultural que persiste em seguir certas orientações, sua autoridade e a sua genealogia bastante presente no âmbito acadêmico contemporâneo. A desconstrução da metafísica se soma ao trabalho da psicanálise, fazendo o proibido aflorar à consciência, e, portanto, ao nível literal da escritura. E assim, o acontecimento da compreensão pode auxiliar a desmobilizar a compulsão à repetição que se instaurou no arquivo. Palavras-chave : mal de arquivo; filosofia da educação; hermenêutica.

Memórias do “Batalhão de Lagoa” Prática cultural das comunidades rurais do sertão de Alagoas

Memórias do “Batalhão de Lagoa” : prática cultural das comunidades rurais do sertão de Alagoas RESUMO: Este texto enfatiza o Batalhão de Lagoa que se caracterizava como uma prática cultural do sertanejo e agregava o cultivo do arroz nas lagoas formadas pelo Rio São Francisco, nas épocas em que as águas eram abundantes. É um recorte de uma pesquisa mais ampla, que utiliza a História oral (ALBERTI, 2008; BOSI, 1994), e integra o Núcleo de Memória da Educação de Jovens e Adultos. Neste recorte apresentamos a memória do referido Batalhão, por meio de narrativas memorialísticas advindas de fontes orais e visuais de um interlocutor, que testemunhou as práticas culturais no Batalhão de Lagoa, dentro das ações do Programa Mobral Cultural, desenvolvidas na zona rural do Município de Pão de Açúcar – sertão de Alagoas. Os depoimentos foram colhidos por meio de entrevistas e fotografias Cartier-Bresson (1971), Guran, (2011) e Leite, (1993). Os dados mostraram que mesmo em meio à forte carga ideológica da Ditadura civil-militar do golpe de1964, os sujeitos sertanejos agiram enquanto praticantes culturais, demonstrando a resistência das comunidades tradicionais na tentativa de conservarem seus costumes e tradições. Palavras-chave: Prática cultural. Tradição. Memória. Sertão alagoano. EJA.

A inserção da Extensão Universitária nos currículos de Graduação e suas contribuições junto aos cursos de formação inicial de professores para a Educação de Jovens e Adultos

A inserção da Extensão Universitária nos currículos de Graduação e suas contribuições junto aos cursos de formação inicial de professores para a Educação de Jovens e Adultos Este trabalho tem como objetivo trazer reflexões sobre a inserção da Extensão Universitária nos currículos de Graduação e os impactos de suas ações no processo formativo, a fim de repensar e intervir na formação de professores para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Construído com base em uma abordagem qualitativa, sob uma perspectiva crítica, o trabalho busca, a partir de seus procedimentos metodológicos – revisão de literatura, pesquisa e análise documental –, identificar as principais questões colocadas pelos graduandos e seus reflexos para o processo formativo. O texto aponta a riqueza propiciada pela Extensão à formação do docente da EJA e as conquistas no processo de institucionalização da Extensão Universitária por meio da creditação curricular. Além disso, alerta ser este ainda um espaço de disputa que pode contribuir para a ressignificação do fazer acadêmico. Palavras-chave : Educação de Jovens e Adultos; Extensão Universitária; Formação Docente; Creditação Curricular da Extensão.

Controles democráticos e accountability na gestão pública – breve análise do controle social do Fundeb

Controles democráticos e accountability na gestão pública – breve análise do controle social do Fundeb Resumo: O artigo discute o controle e accountability na gestão pública. Apresenta as principais características da accountability , problematizando as categorias tradicionais horizontal e vertical eleitoral dando relevância a dimensão social. Para isso foram identificadas as principais formas de participação prevista nas normas brasileiras especialmente os conselhos nas políticas sociais. Foi analisado o Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – CACS-Fundeb, enquanto mecanismo de controle social na educação. As análises preliminares apontam a fragilidade do controle social como possibilidade de fortalecimento dos mecanismos de controle e accountability na gestão pública. Palavras-chave: Accountability; controle público , controle social; Fundeb; Participação

Cartografando a educação de surdos, deficientes auditivos e surdocegos na região do Caparaó Capixaba/ES

Cartografando a educação de surdos, deficientes auditivos e surdocegos na região do Caparaó Capixaba/ES Resumo O presente trabalho dedicou-se a cartografar a educação de surdos, deficientes auditivos e surdocegos na região do Caparaó Capixaba/ES, procurando identificar e problematizar as políticas e práticas da Educação Especial envolvendo este público nas escolas locais inclusivas. Realizamos assim, uma cartografia simbólica, considerando as categorias escala, projeção e símbolo/simbolização a partir da abordagem das Epistemologias do Sul na perspectiva teórica de Boaventura de Sousa Santos. Os resultados encontrados mostram que a legislação tem se materializado de diferentes formas nos municípios do Caparaó/ES. Contudo, apesar de todas as dificuldades encontradas por ser uma região não-hegemônica, o que tem sido desenvolvido na região do Caparaó Capixaba/ES, mostra uma grande potência que emerge das práticas educativas-escolares. Palavras-chave : Cartografia da Educação de Surdos, Deficientes Auditivos e Surdocegos. Políticas de Educação Especial. Práticas Escolares.

PARA ALÉM DA UTILIDADE: EM DEFESA DA FILOSOFIA E DA POESIA NA ESCOLA

Resumo Esse texto é produto de uma reflexão que vimos fazendo a partir da execução de projetos inerentes à nossa prática docente na escola pública e, que partem da (e com) filosofia, literatura e poesia. Inicialmente nossos projetos eram distintos, contudo, em 2017, com as mudanças sofridas pelo PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), nós associamos os projetos, cujos objetivos eram semelhantes. Afinal, na essência, filosofia, poesia e literatura não se separam. Assim, nosso propósito pode ser definido como um fazer filosofia com as crianças partindo da poesia como dispositivo. É, portanto, essa experiência que motiva a nossa reflexão. Todavia, os resultados anteriores também estão presentes nessas ideias. Interessa-nos aqui compartilhar, por meio de um ensaio que julgamos filosófico, um caminho para fazer da educação forma de resistência em tempos de fascismo e, ao mesmo tempo, defendê-la como prática produtora de sentidos para o “absurdo da vida”. Nosso olhar se ampara em autores como Camus, Morin, Benjamin, Gramsci, Marx, entre outros, que compreendem a filosofia para além de especulações acerca do mundo, no sentido de ensinar práticas capazes de transformá-lo. Palavras-chave: Educação – Filosofia – Poesia – Literatura – Docência

O DISCURSO DE SUJEITOS-PROFESSORES SOBRE AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

O DISCURSO DE SUJEITOS-PROFESSORES SOBRE AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Resumo A proposta, neste trabalho, é analisar o discurso de sujeitos-professores sobre as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação no processo pedagógico. Este estudo ancora-se na Análise de Discurso de matriz francesa, na Teoria Sócio-Histórica do Letramento e nas Ciências da Educação. A pesquisa foi desenvolvida com 16 professores da rede pública participantes do projeto de extensão universitária Ribeirão Cultural em uma universidade pública no estado de São Paulo. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas e a coleta de depoimentos orais e escritos. Os resultados assinalam que as formações discursivas nas quais os sujeitos-professores se inscrevem são atravessadas por discursos outros que reduzem o processo ensino-aprendizagem à função técnica. Na cibercultura urge dialogar em cursos de formação docente sobre modos outros de atuação, reorganização curricular e discussões sobre o que e como trabalhar com Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação que valorizem as relações humanas e naturais para além da tecnicidade. Palavras-chave Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação; Professor; Análise de Discurso; Letramento.

Letramento Científico no Brasil e no Japão a partir dos resultados do PISA

Letramento Científico no Brasil e no Japão a partir dos resultados do PISA Este estudo compara o Letramento Científico dos estudantes brasileiros e japoneses, com base nos resultados do PISA e contribui significativamente para a discussão do tema das desigualdades. Conduzimos as análises por triangulação de métodos combinando análises quantitativas e qualitativas. Os resultados mostram que o Brasil permaneceu no nível mais baixo do PISA em 2006 e 2015. O Japão tem um desempenho superior e continua melhorando nesse mesmo período. Há grande presença de DIF nos itens de Ciências de 2006 comparativamente entre Brasil e Japão. Esses itens não são capazes de comprometer o processo avaliativo, mas sugerem diferentes ênfases curriculares. O estudo empírico mostrou que o sucesso do Japão está provavelmente associado à existência de um currículo nacional, à formação de professores em serviço e às reformas do sistema educacional suscitadas pelos resultados do PISA. O baixo desempenho do Brasil estaria relacionado à falta de preparo dos alunos, à falta de familiaridade com o teste, à falta de treinamento dos professores e ao uso limitado de evidências produzidas por avaliações em larga escala. Palavras-chave: Letramento Científico; DIF; PISA; Brasil; Japão.

Confiança interpessoal e institucional e avaliação institucional participativa: problematizando associações

CONFIANÇA INTERPESSOAL E INSTITUCIONAL E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL PARTICIPATIVA: PROBLEMATIZANDO ASSOCIAÇÕES Resumo : Esse artigo divulga os resultados de uma tese de doutorado cujo objetivo foi investigar em que medida a confiança constitui um fator associado às práticas e princípios da AIP – avaliação institucional participativa. A literatura internacional defende a importância da confiança relacional para a qualificação escolar em termos de capital social, produtividade e eficiência. A AIP – implementada como política na rede municipal de Campinas – concebe a qualificação em outros termos, associada à qualidade social, negociação e responsabilização compartilhada. Os dados são fruto de entrevistas exploratórias de trinta professores de nove escolas e da observação em duas escolas dessa rede. Argumenta-se que: 1. a construção de relações de confiança entre professores e famílias não depende apenas de dinâmicas de reciprocidade, mas de reconhecimento; 2. as relações de reciprocidade internas à comunidade escolar são insuficientes para caracterizar o fenômeno da confiança, sendo necessária a inclusão da relação com o poder público e suas dinâmicas de redistribuição. Palavras-chave : confiança interpessoal – confiança institucional – avaliação institucional participativa