A implementação do Turno Único Carioca: compreendendo o papel dos agentes

A implementação do Turno Único Carioca: compreendendo o papel dos agentes Resumo O estudo pretende trazer novos olhares e reflexões para os estudos sobre a implementação das políticas públicas educacionais a partir da consideração sobre aspectos que se referem às traduções e interpretações dos sujeitos envolvidos no processo de implementação de determinada política. A pesquisa aqui relatada propôs uma análise sobre a implementação do Turno Único Carioca, política de ampliação da jornada escolar no município do Rio de Janeiro. O estudo parte da discussão sobre a escassez de pesquisas no campo educacional que se voltem para os agentes implementadores das políticas (AUTORA, 2019) e considera a relevância das traduções e interpretações que estes atores empreendem na criação de novas políticas (LOTTA, 2015). Procurou-se, então, analisar o papel dos Burocratas de Médio Escalão e dos Burocratas de Nível de Rua (LIPSKY, 2010) e sua interação na implementação de uma política educacional. O estudo, de natureza qualitativa, apresenta a análise de entrevistas realizadas com diferentes agentes neste processo pretendendo, desta forma, colaborar com a ampliação desta discussão na esfera educacional. Palavras-chave: Implementação – Políticas Educacionais – Gestores Educacionais

ATAQUES, LUTAS E RESISTÊNCIA: POR UMA ARTE-EDUCAÇÃO INSUBMISSA

A partir do tema do Encontro da ANPED 2019: Educação pública e pesquisa: ataques, lutas e resistência, proponho uma reflexão sobre o momento que a arte-educação atravessa no Brasil. Afinal, muitos são os desafios vivenciados hoje pelos arte-educadores brasileiros, ainda mais, após a interrupção do governo legitimamente eleito no ano de 2014, que intensificou a adoção de medidas vinculadas ao neoliberalismo e a economia de mercado. A aprovação da Reforma do Ensino Médio e da BNCC – Base Nacional Comum Curricular trouxeram retrocessos históricos em relação a presença da arte no currículo escolar, e não podem ser vistas desvinculadas do momento histórico que o Brasil atravessa. Afirmar uma arte educação de esquerda não é defender um programa ou partido político, mas uma educação e um ensino de arte inclusivo e insubordinado, que resista a mercadorização e ao empobrecimento da experiência estética.

RELAÇÕES ESCOLA-FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RELAÇÕES ESCOLA-FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Resumo Este trabalho apresenta um recorte de resultados de pesquisa de tese de doutorado que objetivou analisar as relações escola-família no processo de construção das identidades de gênero das crianças na Educação Infantil. A pesquisa foi realizada em uma instituição de educação infantil (IEI) de uma capital nordestina, junto a educadoras escolares e familiares, utilizando observação, entrevista e questionário para produção dos dados. O referencial teórico-metodológico baseou-se na conceituação de gênero e relações escola-família e na análise de conteúdo. Constatou-se que na IEI, as construções das identidades de gênero das crianças ocorrem, se não por prescrições explícitas, por meio de uma pedagogia organizacional e visual silente, evidenciada nas decorações e comemorações da IEI, que reproduzem separações e diferenças de gênero no marco da heteronormatividade. Sem acordos explícitos e formais entre famílias e IEI, esta baseia suas práticas em suposições acerca das expectativas das famílias e acata supostas preferências familiares, com base na afirmação de que as aprendizagens de gênero binárias e dicotômicas vêm de casa. Palavras-chave: Gênero. Educação Infantil. Relações escola-família.

A LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO DA UFES E OS DESAFIOS DA PERMANÊNCIA CAMPESINA NO ENSINO SUPERIOR

A LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO DA UFES E OS DESAFIOS DA PERMANÊNCIA CAMPESINA NO ENSINO SUPERIOR RESUMO Este artigo apresenta resultados parciais de uma pesquisa de mestrado em andamento, que busca compreender os principais motivos que têm impossibilitado a permanência estudantil no curso de Licenciatura em Educação do Campo – campus Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo e os caminhos que devem ser trilhados para enfrentar essa problemática. Já nos primeiros quatro anos o curso perdeu 19,2% dos (as) 354 discentes matriculados (as), seja por abandono, desistência ou reopção. Esse preocupante cenário nos levou a iniciar a investigação, cujo referencial metodológico baseia-se em Paulo Freire e em teóricos (as) da educação popular, utilizando questionários, entrevistas individuais e coletivas e análises compartilhadas, conforme os pressupostos da pesquisa participante. Entre os fatores sinalizados pelos (as) discentes que podem levá-los (as) a descontinuarem seus estudos estão o desconhecimento sobre o curso, tensões e conflitos internos, dificuldade na realização das atividades e relacionadas ao trabalho, problemas familiares e financeiros. Palavras-chave: Licenciatura em Educação do Campo. Formação de professores. Ensino Superior. Acesso e Permanência.

MATRIZ CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA DE FLORIANÓPOLIS: ANÁLISES SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL

MATRIZ CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA DE FLORIANÓPOLIS: ANÁLISES SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL Resumo Esse estudo apresenta uma análise da Matriz Curricular para a Educação das Relações Étnico-raciais na Educação Básica (2016) elaborada de forma coletiva pela Secretaria de Educação de Florianópolis em consonância com as orientações apresentadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a ERER (2004). Ancoradas nos estudos sobre relações raciais no Brasil e reconhecendo a diversidade étnico-racial como um princípio articulador das práticas pedagógicas na Educação Infantil, realizamos uma análise qualitativa do documento a fim de evidenciar como as crianças estão contempladas. A Rede de Florianópolis há mais de duas décadas vem desenvolvendo ações que visibilizam a história da cultura africana e afro-brasileira, sobretudo após a constituição de um Programa que passou a promover uma série de ações de políticas de promoção da igualdade racial. A partir das análises foi possível constatar que a educação infantil vem sendo contemplada nesse documento através da indicação de textos para docentes, obras de literatura infantil e compartilhamento das práticas pedagógicas. Palavras-chave: Relações Étnico-raciais; Educação Infantil; Matriz Curricular.

AS PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO ACERCA DA MILITARIZAÇÃO DA ESCOLA

AS PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO ACERCA DA MILITARIZAÇÃO DA ESCOLA RESUMO Nos últimos anos foi ampliada a quantidade de escolas que adotaram o modelo dos colégios militares como via de redução do índice de violência; em Rondônia, cinco escolas públicas estaduais se tornaram militarizadas em 2017. Nesse cenário encontram-se os jovens e adolescentes, estudantes do Ensino Médio que vivenciam o processo de implantação da militarização da escola; analisar as percepções desses estudantes acerca de tal processo é o objetivo proposto no presente trabalho. A base que dá sustentação à análise é a psicologia histórico-cultural e a coleta/produção de dados foi realizada em uma das escolas militarizadas. O problema que se coloca é: Quais as modificações na escola a partir da militarização, na percepção dos estudantes? O que elas representam para tais sujeitos? A aprovação e os elogios à adoção do modelo militar na escola foram predominantes nas suas falas, a sensação de satisfação pela mudança da avaliação social da escola perante a comunidade foi um dos impulsionadores de tal percepção. As percepções dos estudantes indicam que militarizar uma escola pública é sinônimo de classificar o público atendido por ela. Palavras-chave: Percepções. Estudantes do Ensino Médio. Militarização.

ENTRE A ACEITAÇÃO E A FUGA: a juventude negra em trânsito nos currículos escolares

ENTRE A ACEITAÇÃO E A FUGA: a juventude negra em trânsito nos currículos escolares RESUMO: Este artigo se beneficia de fragmentos extraídos de pesquisa realizada em uma escola do ensino médio da rede pública do Estado da Bahia. As questões que orientam este estudo residem em acompanhar os movimentos direcionados a subversão dos dogmas, das normatizações e dos mecanismos de controle colocados em funcionamento pelos e nos processos de escolarização. Pergunta-se: É possível escapar das armadilhas das identidades fixadas pelas normativas institucionais? É possível desestabilizar os caprichos da disciplina e seus efeitos sobre os corpos negros? Ao interrogar essas práticas curriculares na perspectiva da diferença, ou ainda, ao perguntar, parafraseando Stuart Hall (2002), “que ‘negro’ é esse na cultura negra?”, o estudo apontou para movimentos de capturas e resistências aos lugares institucionais (pré)vistos pelos planejamentos curriculares. Palavras-chave: Currículo . Diferença. Relações Étnico-Raciais.

CADERNOS DE LIÇÕES: OS DESENHOS DAS PRINCESAS

CADERNOS DE LIÇÕES: OS DESENHOS DAS PRINCESAS Resumo Em meados do Século XIX, consciente do nobre cargo a ser ocupado por suas filhas, o Imperador D. Pedro II iniciou a formação educacional das Princesas Isabel e Leopoldina na “casa”. Em seguida, contratou mestres e uma preceptora. Um dos contratados para atuar na instrução das Princesas herdeiras do Trono foi Marianno José de Almeida, mestre de desenho e pintura. Esse artigo tem por objetivo interpretar os valores e as técnicas ensinadas às Princesas por meio da arte visual no período de 1859 a 1864. É aplicado o método indiciário de Ginzburg (1989). O texto dialoga com Duve (2003), sobre o ensino da arte; Mignot (2008), a respeito dos cadernos e Werneck (2003), no tocante a valores. Os cadernos de desenhos, principal fonte da pesquisa qualitativa e histórico-documental, originam-se do Arquivo da Família Imperial. Ao término, foi possível concluir que os desenhos e pinturas utilizam a técnica da cópia a lápis e se configuram numa relevante amostra do ensino de artes no Brasil Imperial. Entre os valores encontrados destaca-se a religiosidade, mas há também, referências à vida campestre, à figura feminina e à infância. Palavras-chave: Brasil Imperial; História da Educação; Princesas Isabel e Leopoldina; Caderno de lições; Desenhos.

Participação e controle social na gestão financeira de Centros de Educação de Jovens e Adultos no Rio de Janeiro

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NA GESTÃO FINANCEIRA DE CENTROS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO RIO DE JANEIRO O estudo objetivou compreender como se faz o exercício do controle social sobre recursos financeiros descentralizados, recebidos diretamente pelas escolas, e se esse exercício e a participação que ele exige contribuem para a qualidade da gestão pública escolar — esta a tese que sustentou a investigação. A gestão dessa política, exercida por Associações de Apoio à Escola, foi pesquisada em Centros de Educação de Jovens e Adultos, no estado do Rio de Janeiro. O percurso metodológico construiu uma amostra sob critérios, definindo cinco loci de investigação. Por meio de questionários, captei concepções de sujeitos estudantes, professores e funcionários, buscando saber do total de 1589 informantes como, por que e para que se participa e se exerce o controle social nesses espaços. Indícios encontrados no campo empírico sustentam a validade da hipótese formulada, ampliando a compreensão do referencial teórico adotado, não sem perceber os limites que a realidade impõe a esse exercício, especificamente quanto à gestão financeira. Palavras chave : Educação de Jovens e Adultos. Centro de Educação de Jovens e Adultos. Participação. Controle social. Gestão da escola pública.

Teoria e prática na formação de professores: um estudo sobre docências em Matemática

Teoria e prática na formação de professores: um estudo sobre docências em Matemática Resumo O artigo desenvolve-se a partir das discursividades sobre teoria e prática que circulam na formação de professores. A pesquisa, ao tomar como inspiração analítica as teorizações de Michel Foucault, o pensamento tardio de Ludwig Wittgenstein e estudos sobre docência contemporânea, descreve os significados atribuídos à teoria e à prática em cursos de formação de professores de Matemática e analisa de que forma eles têm produzido docências que reforçam enunciados dicotômicos sobre essas dimensões. O material de pesquisa foi produzido a partir de entrevistas semiestruturadas com professores de Matemática que desenvolvem a docência em cursos de Licenciatura em Matemática no sul do país. O movimento analítico realizado mostra que, na docência em Matemática, ao significarem-se os conhecimentos matemáticos e pedagógicos somente em uma das dimensões, se constroem modos de ensinar que priorizam o que está na ordem do concreto e do cotidiano ou o que está na ordem da abstração e do formalismo, assim naturalizando e reforçando, na formação de professores, a dicotomização teoria-prática. Palavras-chave: Docências em Matemática. Enunciado dicotômico. Formação de professores. Teoria e prática.