“Todo o mundo vai aplaudir as bichas”: produção das diferenças e reconhecimento a partir das fanfarras escolares da fronteira Brasil-Bolívia

Tiago Duque | UFMS - PPGE CPAN - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Este artigo analisa como a escola está inserida no processo de diferenciação e reconhecimento de homens jovens efeminados que participam das fanfarras na fronteira Brasil/Bolívia. Através de etnografia e entrevista semiestruturadas, a partir da perspectiva teórico metodológica pós-crítica, observou-se ensaios e apresentações das fanfarras escolares na cidade de Corumbá, entrevistou-se direção de escola, instrutor e componentes de diferentes fanfarras. A partir da compreensão de um regime de visibilidade que permite a cidade ser reconhecida por muitos como “sem preconceito”, o reconhecimento dos jovens efeminados é compreendido a partir do espaço de agenciamento da escola. O contexto fronteiriço de diferenciação identitária é levado em consideração na análise. Conclui-se que, entre outras coisas, a visibilidade e atuação dos efeminados na cidade se dá via um contexto de preconceito e violência contra as experiências de gêneros e sexualidades dissidentes, no entanto, a fanfarra, via a sua constituição de gênero e sexualidade, permite que efeminados se destaquem e ganhem reconhecimento nos termos inteligíveis locais, isto é, de maneira binária, ainda que dissidentes, sem pôr em risco a imagem da escola e o lugar de masculinidade dos demais membros da fanfarra.

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A chegada do discurso “ideologia de Gênero” no contexto educacional brasileiro.

Thais C M Gava | FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS

Resumo: Este trabalho apresenta os resultados parciais da pesquisa sobre a construção do discurso da “ideologia de gênero” no cenário educacional brasileiro. A partir de autores que exploram a capilaridade desse discurso no cenário internacional, o objetivo deste trabalho foi buscar os elementos constituintes para o cenário brasileiro. A ligação e o fortalecimento de movimentos conservadores, em especial do Escola Sem Partido, é um ponto a ser explorado e complexificado para que se possa ter dimensão do impacto dessas falas no cotidiano escolar. Todavia, pode-se dizer que esse não é um discurso linear, daí a necessidade de se explorar os possíveis ecos, de que maneira esse discurso reverbera para e entre os professores e professoras e suas consequências no cotidiano escolar, com possibilidade de identificar possíveis descontinuidades e diversidade de sentidos. PALAVRAS CHAVES: gênero, ideologia de gênero, educação.

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A militância contra a “ideologia de gênero” – relações entre política e religião

Karina Veiga Mottin | UFPR - Universidade Federal do Paraná

A militância contra a “ideologia de gênero” – relações entre política e religião Resumo Tendo como ponto de partida a militância de deputadas e deputados estaduais do Paraná contra a inserção da pauta de gênero no Plano Estadual de Educação, este artigo pretende discutir a presença de religiosas/os na política e a suas atuações a favor de valores cristãos. O conceito de laicidade é discutido a partir da problematização do chamado “paradigma weberiano da secularização”, postura que tende a encarar a presença da religião na política como um obstáculo à democracia. As peculiaridades d o processo de laicização do Estado brasileiro, assim como o histórico de hegemonia católica no Brasil e o avanço das/os evangélicas/os na esfera política são abordados neste texto. A possibilidade de pensar a laicidade em sua produtividade, ou seja, em como ela pode se configurar, ao invés de pensá-la em termos negativos, também é discutida neste artigo. As reflexões propostas têm como base os estudos do sociólogo Antônio Pierucci e das/os antropólogas/os Paula Montero e Emerson Giumbelli. Palavras-chave: “Ideologia de gênero”, política, religião

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A VIOLÊNCIA SOFRIDA POR PROFESSORES(RAS) HOMOSSEXUAIS NA ESCOLA: APONTAMENTOS CONTEMPORÂNEOS

Maria Edilene Araújo Silva | UECE - Universidade Estadual do Ceará

A VIOLÊNCIA SOFRIDA POR PROFESSORES(RAS) HOMOSSEXUAIS NA ESCOLA: APONTAMENTOS CONTEMPORÂNEOS RESUMO Esta pesquisa coloca em discussão a violência sofrida por professores homossexuais no ambiente escolar no contexto contemporâneo. O objetivo neste estudo foi analisar e refletir as situações de violência sofrida pelos professores e professoras homossexuais das escolas estaduais do município de Iguatu – Ceará. Justifica-se a relevância desse estudo em virtude da realidade observada na sociedade brasileira atual, em que ocorrem diariamente, várias formas de violência contra homossexuais. O estudo trata de uma pesquisa de campo qualitativa do tipo descritiva e exploratória. Para a coleta dos dados, os professores responderam um questionário semi-estruturado contendo seis perguntas que foram expostas, interpretadas e analisadas através do método de análise de conteúdo. Como resultado obteve-se que parte dos investigados sofreram ou vivenciaram situações de violência relacionada a sexualidade, sendo que a violência psicológica, moral e verbal são as que mais estão presentes no cotidiano de trabalho dos docentes. Observou-se também que eles se utilizam de várias estratégias para lidarem com a discriminação. Palavras-chave: Violência. Professores. Homossexualidade. Ambiente Escolar.

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Cartografias das experiências de pessoas trans com os territórios da Educação em Biologia

Sandro Prado Santos | UFU - Universidade Federal de Uberlândia

Cartografias das experiências de pessoas trans com os territórios da Educação em Biologia Resumo: O presente trabalho se desdobra de uma prática investigativa de doutorado em que nos dispusemos a cartografar os agenciamentos do encontro Experiências de pessoas trans – Ensino de Biologia observando as possíveis ressonâncias que essa aliança pode produzir na/com Educação em Biologia. Nesse texto, temos como propósito compartilhar e discutir as carto-grafias que foram sendo produzidas, nos territórios da educação em Biologia, com os movimentos de criação e experimentação das pessoas trans . O investimento que realizamos para a produção do campo cartográfico foi o diálogo-entrevista com dez colaboradores/as. Ao operar os encontros, buscamos fazer aparecer pequenas rupturas aos pressupostos e modos de capturas disparados pelos territórios da Educação em Biologia, demonstrando como o agenciamento “experiências de pessoas trans” e “ensino de Biologia” aciona “outras” biologias dentro dos territórios concretos, sedimentados de normas. Os territórios da educação em biologia ora agencia regulações e ordenações de corpos, gêneros e sexualidades e ora escapes e percursos inusitados. Palavras-chave: Cartografias; Educação em Biologia; Experiências de pessoas trans.

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DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E PERCEPÇÕES DE GÊNERO PARA JOVENS MULHERES ESTUDANTES DE UM CURSO TÉCNICO EM INFORMÁTICA DE SÃO BORJA/RS

Aline Adams | INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA

DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E PERCEPÇÕES DE GÊNERO PARA JOVENS MULHERES ESTUDANTES DE UM CURSO TÉCNICO EM INFORMÁTICA DE SÃO BORJA/RS O objetivo deste artigo é analisar como as jovens estudantes do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal Farroupilha – campus São Borja percebem as dimensões do feminino e do masculino e a influência dessas questões em relação a sua formação profissional. As principais referências teóricas são Bourdieu (2003), De Conto (2012), Auad (2003), Biroli (2018), Garcia (2015), Perrot (2015) entre outras. O método de pesquisa é qualitativo e a abordagem é feita pelo estudo de caso. A técnica de coleta de dados consistiu em pesquisa de opinião realizada com 38 jovens estudantes do curso técnico em informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha no mês de julho de 2017. O tratamento dos dados foi feito por meio de análise de conteúdo. Nos resultados verificou-se que o curso possui maioria de estudantes meninos e que, apesar do trabalho desempenhado pelo Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual do campus , as estudantes pesquisadas mantem discursos e práticas que segmentam e dividem a organização social por gêneros. Palavras-chave: juventude feminina, percepções de gênero, divisão sexual do trabalho

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DOCÊNCIA E AMOR EM PESQUISAS BRASILEIRAS DO SÉCULO XXI: UMA ANÁLISE DE GÊNERO

Miriã Zimmermann da Silva | Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

DOCÊNCIA E AMOR EM PESQUISAS BRASILEIRAS DO SÉCULO XXI: uma análise de gênero Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar um conjunto de dez pesquisas realizadas em Programas de Pós-Graduação brasileiros neste início do século XXI que abordam o tema do amor em sua relação com a educação. Ancorado nos Estudos em Docência e nos Estudos de Gênero de uma perspectiva pós-estruturalista, parte do questionamento sobre como gênero atravessa e dimensiona o par docência e amor nas pesquisas. Mobilizando estudos realizados em duas pesquisas de doutorado desenvolvidas na região sul do Brasil, vinculadas a uma pesquisa mais ampla, em um Programa de Pós-Graduação em Educação, examina o conjunto de pesquisas, organizando-as em três grupos e operando com o conceito-ferramenta gênero, articulado ao par docência e amor . Tal articulação possibilita mostrar a coexistência de, pelo menos, três perspectivas para compreender o par docência e amor : uma mais polarizada, ou acusa, ou acata o amor como marca histórica da docência e como atributo feminino; uma segunda perspectiva desconsidera uma docência generificada; e uma terceira amplia a compreensão de amor como uma marca generificada ligada ao sexo. Palavras-chave: docência; amor; gênero.

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Educação e violência sexual: fragilidades da rede de proteção

Flávio Corsini Lirio | UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

Educação e violência sexual: fragilidades da rede de proteção A violência sexual é um dos maus tratos contra criança e adolescente que tem se apresentado de maneira contundente na contemporaneidade. Considerada pela Organização das Nações Unidas – ONU, como uma questão de saúde pública. O presente estudo é fruto da análise de processos criminais em andamento na Vara de Crimes Contra Vulneráveis da Comarca de Boa Vista – RR. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que tem como objeto analisar a problemática da violência sexual praticada contra criança e adolescente com vista a perceber a atuação da rede no seu enfrentamento, com destaque para a educação, sendo a análise de conteúdo a principal técnica para construção das inferências. Verifica-se a baixa participação da educação no processo de identificação e encaminhamento de casos, ainda que a maioria das vítimas sejam sujeitos em idade escolar obrigatória. A fragilidade na formação inicial e continuada dos profissionais da educação são alguns dos elementos que dificultam essa atuação da educação no enfrentamento a violência sexual praticada contra criança e adolescente. Palavras-Chave. Criança e Adolescente; Educação; Violência Sexual.

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EDUCAÇÃO FEMININA E OS DEVIRES DA SEXUALIDADE EM “ANTÔNIA CUDEFACHO”.

Regiane Farias Neves | UFPA - Universidade Federal do Pará

EDUCAÇÃO FEMININA E OS DEVIRES DA SEXUALIDADE EM “ANTÔNIA CUDEFACHO” . Resumo. O texto problematiza as construções discursivas acerca da sexualidade feminina, tomando por personagem-sujeito Antônia Cudefacho, uma prostituta cametaense da década de 1950, inscrita e ficcionalizada na narrativa literária do escritor Salomão Larêdo. A movimentação teórica se faz pela arqueogenealogia Foucaultiana e pelos devires revolucionários da sexualidade tecidos com o campo feminista, pós-feminista e teoria queer com Butler, Beauvoir, Miskolci, Rago, Louro, Del Priore, Deleuze e Guattari, Preciado. O diálogo com os autores tensiona o território da cultura heteronormativa e potencializa os devires revolucionários e linhas de fuga de uma sexualidade feminina insurreta aos valores instituídos, capaz de tecer redes de solidariedades minoritárias em seus anseios por liberdade e de subverter os valores e os modos de educar o corpo (sobretudo o da mulher) para a submissão e o conformismo, potencializando devires e desobediências nas rotas de uma Educação com desejo e liberdade. Palavras-chave: Sexualidade. Educação. Devir Revolucionário. Antônia Cudefacho.

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EM MEIO À TEMPESTADE: ESCOLA SEM PARTIDO, “IDEOLOGIA DE GÊNERO” E SHITSTORMS

Jasmine Moreira | UFPR - Universidade Federal do Paraná

EM MEIO À TEMPESTADE: ESCOLA SEM PARTIDO, “IDEOLOGIA DE GÊNERO” E SHITSTORMS RESUMO O presente artigo analisa a emergência dos discursos de ódio nas mídias sociais e sua presença na ação política do grupo Escola sem Partido (ESP). Inicialmente, busca-se demonstrar como o fenômeno conhecido como shitstorm vêm sendo utilizado para potencializar o pânico moral da “ideologia de gênero”, notadamente nas mídias sociais. Tomam-se por base as reflexões de Gayle Rubin, Judith Butler e Han Byung-Chul. Utiliza-se o método de inferência do discurso, desenvolvida pela autora, aplicada sobre as postagens do ESP no facebook, permitindo a observação dos principais tópicos abordados. Em um segundo momento, é feita uma análise do crescimento orgânico desse grupo na rede social e nas pesquisas do Google. Conclui-se que os dados apresentados permitem observar tanto o crescimento de sua atuação, como sua a ação na disputa pelas políticas educacionais no Brasil. Palavras-chave: inferência do discurso; shitstorm; ideologia de gênero; escola sem partido; mídias sociais

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ENTRE A VIOLÊNCIA ÉTICA E O RECONHECIMENTO: AS SEXUALIDADES NO CONTEXTO ESCOLAR

Marco Antonio Torres | UFOP - UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ENTRE A VIOLÊNCIA ÉTICA E O RECONHECIMENTO: AS SEXUALIDADES NO CONTEXTO ESCOLAR Resumo Este texto apresenta uma pesquisa que investigou a produção da violência ética e do reconhecimento das sexualidades em contextos escolares. Entendemos que a radicalização da teoria do reconhecimento, por Judith Butler, tem possibilitado análises importantes sobre os vínculos entre política e moral num determinado regime de verdade, analisando esta forma de violência. Uma das facetas da violência ética se caracteriza pela obliteração do relato de si, do silenciamento das lutas e sofrimentos de LGBT+. Para nossas análises realizamos grupos focais e uma entrevista narrativa com docentes da educação básica, em escolas públicas. Além da autoria do presente texto, a pesquisa é fruto do trabalho de um conjunto de pesquisadores/as que nos últimos anos 4 anos, em um curso de mestrado, se envolveram com o tema das sexualidades nos contextos escolares. Nossas análises apontam tanto a produção de vidas insuportáveis como a constituição de reconhecimento das sexualidades de LGBT+ que buscam pela possibilidade de vidas habitáveis, porém numa ambiência marcada pela LGBTfobia dos discursos cisheteronormativos. Palavras-chave: Sexualidades. Escola. Violência Ética. Reconhecimento. LGBTfobia.

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ESTRATÉGIA POLÍTICO-PERFORMATIVA FEMINISTA NAS OCUPAÇÕES SECUNDARISTAS

Marcielly Cristina Moresco | UFPR - Universidade Federal do Paraná

A escola é um espaço de e para as ambiguidades em relação às questões de gênero, feminismos e sexualidades. Ora ameaçados ou reprimidos, ora nomeados, são temas que sempre estiveram presentes nas escolas, sejam sob os efeitos do governamento de corpos e desejos ou sob a produção de (novas) práticas, (novos) sujeitos e (novos) modos subjetivos de existência de alunas e alunos. É a partir dessas reflexões que apresento e analiso a ocorrência de uma ambiguidade nas narrativas e práticas performativas das estudantes nas ocupações secundaristas de 2015/2016. E reflito como oposições, contradições e ambivalências podem servir como importantes e necessárias estratégias político-performativas de deslocamentos, subversões, resistências e produção de modos subjetivos de viver e de se relacionar diante de dispositivos contemporâneos que potencializam as violências, induzem ou coíbem subjetividades e direitos. Palavras-chave: Escola; Feminismo; Ocupação; Performatividade.

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FEMINILIDADES NA ESCOLA: UMA DISCUSSÃO SOBRE GÊNERO E DESEMPENHO ESCOLAR DE MENINAS

Jaqueline Aparecida Barbosa | UFG - Universidade Federal de Goiás

FEMINILIDADES NA ESCOLA: UMA DISCUSSÃO SOBRE GÊNERO E DESEMPENHO ESCOLAR DE MENINAS Resumo Este artigo resulta de pesquisa que, ancorada nos pressupostos dos estudos de gênero, teve como objetivo compreender como as meninas lidam com o mau desempenho escolar. Partindo da teoria de Pierre Bourdieu como referencial teórico-metodológico, a pesquisa qualitativa abrangeu crianças com idades entre 9 e 10 anos de duas escolas públicas da cidade de Goiânia. A coleta de dados contou com cerca de 240 horas de observação divididas entre sala de aula, interação entre as crianças no pátio, acompanhamento da sala de professores/as, reuniões com as famílias e conselhos de classe. Foram realizadas ainda entrevistas semi-estruturadas com docentes e crianças. A realização da pesquisa apontou como resultados a desvalorização de um tipo específico de feminilidade, aquela que se afirma por meio da vaidade considerada excessiva e que, segundo algumas crianças, seria o que faria “valer a pena” ser menina; poucas meninas enfrentaram ostensivamente as regras impostas pelas escolas, sendo a oposição por meio da indiferença o modo mais recorrente de resistência; a violência simbólica da intervenção de uma das escolas sobre os corpos femininos. Palavras-chave: Feminilidades; Pierre Bourdieu; Gênero e Educação.

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GÊNERO NA FORMAÇÃO DE PEDAGOGAS: OS PERCALÇOS NA INSERÇÃO DA TEMÁTICA NOS PERCURSOS CURRICULARES

Carolina Castro Silva | UFF - Universidade Federal Fluminense

RESUMO Este artigo visa explorar como os estudos de gênero têm sido trabalhados nos cursos de Pedagogia de duas renomadas universidades cariocas, as UERJ e a UFF, e suas respectivas unidades acadêmicas. Sabe-se que historicamente, os cursos de licenciatura constituem-se como um espaço de grande inserção feminina, tal qual a atuação na docência.Acredita-se que a inserção e o diálogo sobre a perspectiva de uma pedagogia feminista sejam importantíssimos para o contexto social atual, principalmente no Brasil, cujo o flerte com ideias e pautas conservadoras, tem se mostrado cada vez presentes no debate. Para tanto, foram ouvidos sete docentes, quatro homens e três mulheres, com diversas formações, que contemplaram em suas falas os principais desafios e estratégias na inserção dos estudos de gênero tanto nas disciplinas que ministram, quanto nas discussões curriculares ocorridas nos últimos anos e na própria resistência estudantil presentes no âmbito do curso de Pedagogia.Para tais análises, foi escolhido como percurso metodológico, a técnica de análise de conteúdo. Palavras-Chave: Gênero; Formação de Pedagogas; Currículo.

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Juventudes em biopolíticas contemporâneas

Carin Klein | ULBRA - Universidade Luterana do Brasil

Juventudes em biopolíticas contemporâneas Resumo O trabalho problematiza artefatos produzidos no âmbito das áreas da educação e(m) saúde, na medida em que circunscrevem conhecimentos e práticas provenientes de políticas públicas e ações programáticas mais amplas, compreendendo-os como elementos centrais na organização das sociedades contemporâneas e como constituidoras de gênero e sexualidade. É a partir das vertentes teóricas dos Estudos Culturais e de Gênero, que se articulam com a teorização foucaultiana que nos propomos a analisar as campanhas de divulgação da vacinação 2017 e 2018, voltadas ao público jovem, para a prevenção do HPV e Meningite C. O exame indica que as políticas públicas de educação e(m) saúde instituem formas lineares e binárias de interpretar o mundo e de posicionar os sujeitos contemporâneos, normalizando determinados comportamentos e práticas como mais saudáveis. Desse modo, não basta colocar os/as jovens como protagonistas em cenários de luta, tal como nos games e nas séries de televisão, mas discutirmos a constituição da vida “real” e de suas relações, levando em conta as tensões, resistências e multiplicidades daquilo que tem escapado das ações de educação e(m) saúde. Palavras-chave: juventude; políticas de educação e(m) saúde; gênero e sexualidade.

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Meninos e meninas nas aulas de Matemática: o que pensam as professoras?

Wilson Rafael Schimila | UNIPLAC - Universidade do Planalto Catarinense

MENINOS E MENINAS NAS AULAS DE MATEMÁTICA: O QUE PENSAM AS PROFESSORAS? Resumo: este trabalho objetiva compreender as percepções das professoras sobre meninas e meninos nas aulas de Matemática no ensino médio. A temática é relevante pois existe um certo ideário social que coloca a Matemática como reduto masculino, como se os homens tivessem mais facilidade nesta área. Os/as principais autores/as que embasam a discussão são: Barbosa (2016), Bernal (2007), Casagrande (2011), Louro (2014), Scott (1995), Souza e Fonseca (2010) e Walkerdine (1995). É uma pesquisa de caráter qualitativo na qual foram ouvidas seis professoras de Matemática que atuam no ensino médio da rede pública. Os dados apontam que as professoras percebem os meninos como “naturalmente” capazes e aptos para a Matemática, enquanto atribuem o sucesso das meninas ao esforço e à dedicação, evidenciando uma valoração diferenciada de seus resultados. As reflexões sobre gênero e matemática podem contribuir para a construção de uma educação democrática, que visa o desenvolvimento das capacidades de alunas e alunos na área da Matemática sem a hierarquização de um gênero ou outro, pois há diferenças entre o próprio grupo de meninos e de meninas. Palavras-chave: Matemática. Gênero. Ensino Médio. Expectativas de gênero. Ensino.

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Não é TV, mas é currículo: Narrativas seriadas e produção de subjetividades generificadas.

Evanilson Gurgel de Carvalho Filho | UFBA - Universidade Federal da Bahia

Não é TV, mas é currículo: Narrativas seriadas e produção de subjetividades generificadas. Resumo: O artigo toma como material empírico as subjetividades generificadas veiculadas no currículo de uma narrativa seriada. Partimos do pressuposto de que as narrativas seriadas não estão sendo suficientemente problematizadas no campo educacional, sendo comumente generalizada no que se entende superficialmente por “televisão”. O argumento é que o currículo opera como máquinas que ensinam modos de ser masculinos e femininos, uma vez que forjam subjetividades generificadas. O objetivo é investigar que saberes generificados têm sido produzidos e ensinados no currículo da narrativa seriada “One Mississippi”. Para investiga-lo, operamos metodologicamente com elementos de análise de representação. Constatamos que as noções hegemônicas de feminilidade são postas em questionamento a partir da imagem do corpo abjeto da protagonista. Concluímos que tal currículo é um composto de saberes generificados que constitui modos de vida dissidentes e disponibiliza outras maneiras de se ver e de se entender o feminino. Palavras-chave: currículo; narrativa seriada; subjetividade.

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Narrativa Inventada, Consequências Materiais: a apropriação do discurso de “Ideologia de Gênero” pela Aliança Conservadora na educação brasileira

Bruna Dalmaso Junqueira | PPGEDU/UFRGS

NARRATIVA INVENTADA, CONSEQUÊNCIAS MATERIAIS: a apropriação do discurso de “Ideologia de Gênero” pela Aliança Conservadora na educação brasileira O presente artigo discorre sobre o histórico de criação da narrativa contemporaneamente conhecida como “Ideologia de Gênero” e sua popularização através de uma coalizão de diferentes e contraditórios grupos hegemônicos no contexto político e social brasileiro. Criada na década de 1990 por setores da Igreja Católica para combater os avanços de movimentos globais de mulheres e feministas em busca da equidade de gênero (GARBAGNOLI, 2016; MIGUEL, 2016), a narrativa tem sido apropriada e mobilizada no contexto da educação brasileira com o propósito de impedir que assuntos como gênero e sexualidade sejam discutidos nas escolas. Além disso, através das lentes teóricas desenvolvidas por Michael Apple (2002), a partir da realidade educacional estadunidense, o trabalho realiza a descrição de um bloco hegemônico caracterizado por um contraditório “guarda-chuva ideológico” e analisa como esse bloco, chamado de Aliança Conservadora, tem sido bem-sucedido na intervenção neoconservadora e neoliberal na educação do país. PALAVRAS-CHAVE: Gênero. “Ideologia de Gênero”. Feminismos. Aliança Conservadora. Conservadorismo. Escola Sem Partido.

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O USO DE HASHTAGS NO INSTAGRAM COMO NOVA POLÍTICA DE PRODUÇÃO DA POSIÇÃO DE MULHERES COMO ESPORTISTAS

Caterine de Moura Brachtvogel | UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

O USO DE HASHTAGS NO INSTAGRAM COMO NOVA POLÍTICA DE PRODUÇÃO DA POSIÇÃO DE MULHERES COMO ESPORTISTAS Resumo: Problematizamos a produção dessa nova cultura comunicacional das redes sociais digitais, a partir de postagens com hashtags e como essas tem oportunizado alterações nas dinâmicas dos modos de representações das posições de sujeito. Questionamos: como as hashtags têm sugerido uma nova política que congrega estratégias e formas de posições das mulheres como esportistas? Os materiais foram analisados na perspectiva da análise cultural ancorada na teorização foucaultiana. Das análises, localizamos um imbricamento de diferentes hashtags como novas políticas contemporâneas que investem na direção da produção de posição de mulheres ativas e esportistas, ancoradas em “pontos sofisticados de valor” em postagens do Instagram. Palavras-chave: mulheres; esportes; redes sociais digitais.

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Os outros do currículo de masculinidade dos torcedores de estádios de futebol

Gustavo Andrada Bandeira | UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Neste trabalho, através dos conceitos de currículo de masculinidade dos torcedores de futebol, gênero, heteronormatividade e invisibilidade da norma, procuro problematizar como os sujeitos protagonistas destes currículos, homens heterossexuais, narram suas alteridades reforçando a naturalização desse espaço como um local exclusivo para determinados atores. Para tanto, realizei diálogos com pequenos grupos de torcedores, quase sempre duplas ou trios, nos quais me inseria para discutir algumas das percepções desses indivíduos sobre mudanças contemporâneas no exercício do torcer. Essa marcação relativa aos “outros” do estádio, sejam mulheres, homossexuais, crianças ou, mesmo, as famílias, acaba reforçando o caráter normativo dos homens e de suas masculinidades neste contexto. Dentro dessas representações, os sujeitos masculinos heterossexuais acabam definindo práticas desejáveis e/ou adequadas nesse contexto. Os torcedores de futebol aprendem desde cedo que após um jogo sempre vem outro jogo. Se até aqui o jogo de gênero deu ampla superioridade à masculinidade heterossexual, outros jogos precisarão ser jogados e nessa repetição, as vitórias e derrotas poderão trocar de lado. Palavras-chave: currículo de masculinidade; gênero; torcedores; futebol; estádio.

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PESQUISAR A MASCULINIDADE NA EDUCAÇÃO: SOBRE O POTENCIAL PERFORMATIVO DO TEXTO ACADÊMICO

Leandro Teofilo de Brito | COLÉGIO PEDRO II

PESQUISAR A MASCULINIDADE NA EDUCAÇÃO: SOBRE O POTENCIAL PERFORMATIVO DO TEXTO ACADÊMICO Resumo Abordamos, neste estudo, publicações sobre a temática da masculinidade na área de Educação, por meio de revisão de artigos em periódicos nacionais entre 2007 e 2017. Considerando a noção de performatividade da linguagem, segundo teorizações de Jacques Derrida e Judith Butler, focalizamos o potencial performativo dos textos acadêmicos revisados, reconhecendo que os mesmos participam da criação de efeitos de realidade que constituem as sociedades, no recorte das disputas pela significação da masculinidade. Com esse propósito, problematizamos as conceitualizações de masculinidade mobilizadas nos artigos estudados, destacando sua fundamentação teórica para refletir sobre os potenciais efeitos performativos desses textos. Entre os resultados, constatamos a negação e a subalternização de masculinidades não normativas pelo viés da denúncia. Tal fato, joga pela superação desse quadro, mas por outro, reconhecemos que se a denúncia não é acompanhada da notícia da resistência, pode-se estar jogando pela consolidação do que se pretende combater, na medida em que se reitera seu poder. Palavras-chave: Masculinidade; Performatividade; Gênero; Produção acadêmica; Revisão bibliográfica

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Preconceito contra a diversidade sexual e de gênero em climas escolares distintos: quais relações?

Felipe Bastos | PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

PRECONCEITO CONTRA A DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO EM CLIMAS ESCOLARES DISTINTOS: QUAIS RELAÇÕES? Resumo: Sabe-se que climas escolares mais hostis impactam de diferentes formas nos desfechos educacionais das e dos jovens, em especial no que se refere à qualidade do ensino e aprendizagem, mas pode estar também relacionado à manutenção do preconceito e da discriminação heterossexista. O presente artigo tem como objetivo compreender as relações entre diferentes climas escolares e ambientes mais ou menos preconceituosos contra diversidade sexual e de gênero. Para isso, selecionou-se duas escolas distintas e avaliou-se a visão do clima escolar e dos pensamentos e práticas preconceituosas contra gênero e diversidade sexual. Responderam a um questionário 631 estudantes destas escolas e avaliou-se as diferenças sociodemográficas, de clima escolar e de preconceito. Verificou-se que a escola com visão mais negativa ou hostil de clima escolar era formada por estudantes com visões mais preconceituosas contra gênero e sexualidade, o que indicaria haver alguma correlação entre estes fatores. Palavras-chave: Clima escolar; Diversidade sexual; Gênero; Homofobia; Preconceito.

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PROBLEMATIZANDO O ÓDIO À DIFERENÇA NAS TRAMAS DA CIBERCULTURA: RASTROS E RESTOS DO (IN)HUMANO

Felipe da Silva Ponte de Carvalho | UERJ - PROPED - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

PROBLEMATIZANDO O ÓDIO À DIFERENÇA NAS TRAMAS DA CIBERCULTURA: RASTROS E RESTOS DO (IN)HUMANO Resumo: Nesta cartografia-cibercultural, analisamos como se produzem formas de aprender-ensinar a odiar outrx [1] em nosso tempo. Para isso, problematizamos reflexões sobre acontecimentos que compõem a ambiência de guerra de ódio à diferença, através de rastros [2] na arquitetura líquida da cibercultura. Com isso, traçamos algo das redes (de)formativas que servem de incubadoras para promoção de atos de ódio. Como desdobramento desta investigação, destacamos linhas de discursos expandidos; liberdade privilegiada; patrulha letalizadora; e formas de autorização e legitimação do ódio. Palavras-chave : Cartografias ciberculturais. (De)formação. Ódio em rede. [1] Estamos usando o “x” como forma de desobediência às inflexões de gênero binárias. Com isso, desejamos operar em consonância aquelxs que não desejam ser interpeladxs sob qualquer forma de operação linguística de gênero. [2] Por questões éticas, destacamos que os dados analisados nesta presente pesquisa estão disponíveis em interfaces digitais de forma pública e de amplo acesso.

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