“Eu não dei conta de continuar”: itinerários escolares de jovens de camadas populares

Joel Austin Windle | UFOP - UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

A pesquisa analisou o abandono escolar e eventual volta aos estudos de jovens na faixa etária de 18 a 29 anos. Os jovens estudados são majoritariamente de origem popular e enfrentam instituições educacionais precárias, além de serem submetidos a outros problemas próprios as suas condições de vida. Objetivou-se compreender, por meio de uma metodologia mista, quantitativa e qualitativa, as perspectivas e práticas de 275 jovens de origem popular que manifestam o desejo e/ou tomam a iniciativa de reintegrar a escola, no contexto da Região dos Inconfidentes, em Minas Gerais. Os resultados mostram que os motivos do abandono escolar pelos jovens estão ligados, de modo geral, à contingência de mudanças dramáticas na situação familiar, provocando a necessidade de assumir responsabilidades financeiras ou de cuidados com familiares. Uma segunda mudança nas circunstâncias, aliviando a pressão na família, é frequentemente a condição para uma volta aos estudos. Portanto, a dependência dos familiares – que têm o jovem como principal apoio social e econômico -, na ausência do estado ou de empregos estáveis que permitam “condições dignas”, é o fato social que mais pesa na dinâmica de evasão e retomada dos estudos, no escopo do universo pesquisado.

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A escola e o futuro nas vozes de jovens-estudantes do Ensino Médio: contribuições etnográficas à educação

Luís Paulo Cruz Borges | UERJ - PROPED - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

A ESCOLA E O FUTURO NAS VOZES DE JOVENS-ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO: CONTRIBUIÇÕES ETNOGRÁFICAS À EDUCAÇÃO Resumo A presente pesquisa tem como objeto de estudo a relação dos alunos e das alunas do Ensino Médio com o conhecimento escolar na contemporaneidade. Pauta-se na abordagem teórico-metodológica etnográfica, situada na fronteira entre a antropologia e a educação. Assim, foram utilizados o caderno de campo, notas etnográficas, descrição densa, entrevistas, fotografias, observação participante e produções textuais como formas de apreender um recorte da realidade social. Articulam-se as categorias juventudes e futuro privilegiando uma abordagem pós-crítica para pensar a escola e seus atores sociais. Questiona-se como jovens estudantes do Ensino Médio de uma escola pública da rede estadual do Rio de Janeiro se relacionam com o conhecimento socializado pela escola. Opera-se numa lógica de que há uma polifonia nas vozes discentes que podem ser escutadas como forma de uma produção curricular. Dessa forma, são pensados os dissensos como caminhos possíveis a partir da ideia de juventudes em trânsito, abordando a relação dos jovens com seus processos educacionais e suas imagens, tendo o futuro como horizonte. Palavras-chave : juventudes; etnografia; futuro; escola.

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A implementação do Turno Único Carioca: compreendendo o papel dos agentes

Ana Cristina Prado de Oliveira | UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

A implementação do Turno Único Carioca: compreendendo o papel dos agentes Resumo O estudo pretende trazer novos olhares e reflexões para os estudos sobre a implementação das políticas públicas educacionais a partir da consideração sobre aspectos que se referem às traduções e interpretações dos sujeitos envolvidos no processo de implementação de determinada política. A pesquisa aqui relatada propôs uma análise sobre a implementação do Turno Único Carioca, política de ampliação da jornada escolar no município do Rio de Janeiro. O estudo parte da discussão sobre a escassez de pesquisas no campo educacional que se voltem para os agentes implementadores das políticas (AUTORA, 2019) e considera a relevância das traduções e interpretações que estes atores empreendem na criação de novas políticas (LOTTA, 2015). Procurou-se, então, analisar o papel dos Burocratas de Médio Escalão e dos Burocratas de Nível de Rua (LIPSKY, 2010) e sua interação na implementação de uma política educacional. O estudo, de natureza qualitativa, apresenta a análise de entrevistas realizadas com diferentes agentes neste processo pretendendo, desta forma, colaborar com a ampliação desta discussão na esfera educacional. Palavras-chave: Implementação – Políticas Educacionais – Gestores Educacionais

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A JUDICIALIZAÇÃO DA VIDA ESCOLAR NO CONTEMPORÂNEO

Ingrid de Faria Gomes | UERJ - FFP - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

A JUDICIALIZAÇÃO DA VIDA ESCOLAR NO CONTEMPORÂNEO Resumo O presente trabalho tem por objetivo colocar em análise os discursos e as práticas atrelados ao processo de judicialização da vida escolar na contemporaneidade, com ênfase nos atravessamentos entre a escola e o conselho tutelar. Apesar deste ser um órgão não jurisdicional, tais atravessamentos têm sido operados por lógicas judicializantes, pautadas na lógica penal, produzindo efeitos no cotidiano escolar. Para problematizar como este processo tem se desdobrado e as forças subjacentes a ele, coloca-se em discussão o conceito de judicialização. Sob a orientação metodológica da pesquisa-intervenção, inspirada no método da cartografia, explora-se as relações entre a escola e o conselho tutelar no município de São Gonçalo (RJ), contexto desta pesquisa, para problematizar as demandas encaminhadas entre/nesses territórios que intensificam as produções do judiciável. Para tanto, realizou-se entrevistas semiestruturadas com conselheiros/as tutelares que serão tomadas como analisadores da problemática em questão. Por fim, verifica-se um processo de capilarização dos poderes jurídicos no espaço escolar que geram novos modos de regulação e de controle. Palavras-chave: judicialização; escola; conselho tutelar.

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A judicialização dos conflitos escolares e a religião na escola: controvérsias atuais

Pedro Pinheiro Teixeira | PUC Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

A judicialização dos conflitos escolares e a religião na escola: controvérsias atuais Resumo: A judicialização no âmbito educacional é caracterizada pela dificuldade de instituições escolares em administrar conflitos do cotidiano escolar e encaminhá-los para instituições fiscalizadoras. O artigo almeja discutir a judicialização de conflitos escolares relacionados a controvérsias envolvendo religião. Inicialmente, refletimos, a partir de diferentes autores, como definir uma controvérsia. Em seguida, exploramos as disputas legais e judiciais em torno da disciplina de ensino religioso ao longo da história do Brasil e de como a religião está presente na escola independentemente desse componente curricular. Em terceiro lugar, analisamos a judicialização da vida nas democracias contemporâneas, destacando as relações entre sociedade e poderes legislativo e judiciário. A seguir, discutimos uma situação de conflito escolar de motivação religiosa que foi judicializada, apontando os limites dessa abordagem. Por fim, concluímos que a judicialização se configura (1) como indício e consequência de controvérsias em contextos escolares; (2) como um instrumento de administração dos conflitos escolares motivados por questões religiosas. Palavras-Chave: Escola; Controvérsia; Judicialização; Religião

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Confiança interpessoal e institucional e avaliação institucional participativa: problematizando associações

Sara Badra de Oliveira | UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CONFIANÇA INTERPESSOAL E INSTITUCIONAL E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL PARTICIPATIVA: PROBLEMATIZANDO ASSOCIAÇÕES Resumo : Esse artigo divulga os resultados de uma tese de doutorado cujo objetivo foi investigar em que medida a confiança constitui um fator associado às práticas e princípios da AIP – avaliação institucional participativa. A literatura internacional defende a importância da confiança relacional para a qualificação escolar em termos de capital social, produtividade e eficiência. A AIP – implementada como política na rede municipal de Campinas – concebe a qualificação em outros termos, associada à qualidade social, negociação e responsabilização compartilhada. Os dados são fruto de entrevistas exploratórias de trinta professores de nove escolas e da observação em duas escolas dessa rede. Argumenta-se que: 1. a construção de relações de confiança entre professores e famílias não depende apenas de dinâmicas de reciprocidade, mas de reconhecimento; 2. as relações de reciprocidade internas à comunidade escolar são insuficientes para caracterizar o fenômeno da confiança, sendo necessária a inclusão da relação com o poder público e suas dinâmicas de redistribuição. Palavras-chave : confiança interpessoal – confiança institucional – avaliação institucional participativa

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EXPECTATIVAS DE DISCENTES NO ÚLTIMO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: O REFLEXO DA ESCOLA

Juliana Ferro da Silva | UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

EXPECTATIVAS DE DISCENTES NO ÚLTIMO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: O REFLEXO DA ESCOLA Resumo: O presente trabalho se propõe a identificar de que maneira os alunos no 9º ano do Ensino Fundamental, série que concentra a maior taxa de evasão do ciclo (Censo Escolar, 2015), percebem sua escolarização e os fatores escolares que incidem em sua decisão sobre a continuidade da escolaridade. Os estudos sobre as escolas eficazes, no campo da Sociologia da Educação, indicam a relevância dos fatores escolares para a trajetória escolar discente (SAMMONS, 2008; ALVES e FRANCO, 2008). O estudo buscou ainda atinar a influência da família e da comunidade para sua permanência na escola e suas expectativas em relação ao futuro. A transição entre os segmentos educacionais é um dos momentos de grande dispersão/evasão escolar, como apontam Leon e Menezes-Filho (2011). Utilizou-se de grupo focal com os alunos e análise de indicadores nacionais. Foi percebido que a escola tem pouca influência sobre a prospecção de futuro nesses alunos e que a família exerce esse papel de motivar a continuidade dos estudos. Sendo uma pesquisa de pequena escala, os resultados obtidos pretendem sinalizar fatores e criar hipóteses. Palavras-chave: Ensino fundamental; Pesquisa em educação; Educação pública.

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GEO-GRAFIAS DOCENTES NA METRÓPOLE: A CASA E O PEDAÇO

Álida Angélica Alves Leal | UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

GEO-GRAFIAS DOCENTES NA METRÓPOLE: A CASA E O ” PEDAÇO” RESUMO : Partindo do pressuposto de que vidas de sujeitos socioculturais professores/as devem ser apreendidas em outros espaços e tempos da vida social além das escolas, investigamos as geo-grafias docentes na metrópole, construto teórico-conceitual que designa práticas espaciais de sujeitos-professores/as nos espaços citadinos durante seus tempos cotidianos (Lefebvre, 1974; Hargreaves, 1999; Harvey, 2003). A pesquisa exploratória buscou compreender sentimentos, sentidos e significados associados e atribuídos a estas práticas por meio de análise bibliográfica e 23 (vinte e três) entrevistas semi-estruturadas com docentes do Terceiro Ciclo do Ensino Fundamental que lecionavam na Rede Pública Municipal de Contagem/MG (primeiro semestre/2010). Neste texto, apresentamos alguns aspectos/dimensões que singularizam estas geo-grafias docentes na metrópole, quais sejam: a relação destes sujeitos com a casa e a constituição de “pedaços” docentes (Magnani, 1998) . PALAVRAS-CHAVE : Geo-grafias docentes . Metrópole. Casa. Pedaço.

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GESTÃO ESCOLAR: um estudo sobre perfis de liderança do diretor e desempenho dos alunos.

Natália Pereira Lima | PUC-Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

GESTÃO ESCOLAR: um estudo sobre perfis de liderança do diretor e desempenho dos alunos. RESUMO Este estudo propõe um debate sobre as relações entre os perfis de liderança do diretor escolar (especialmente, o acesso ao cargo) e o desempenho discente de duas escolas públicas municipais no estado do Maranhão. Para tanto, tomamos como base teórica os estudos da Sociologia das Organizações e as pesquisas sobre “eficácia escolar”. O trabalho envolveu a análise dos resultados do IDEB (2015-2017) de cada escola e realização de duas entrevistas com as diretoras. Buscamos também os questionários contextuais da Prova Brasil para coleta de informações sobre as formas de acesso ao referido cargo. O material coletado, de caráter exploratório, pareceu indicar diferentes formas de atuação e visão das diretoras no que se refere as estratégias de gestão. No entanto, algumas características convergem nos tipos de liderança identificados: atuação forte e presente das diretoras na construção e manutenção de um ambiente escolar favorável. Palavras-chave: Gestão escolar – liderança escolar – desempenho

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Juventudes flexíveis na Amazônia brasileira: incertezas do século XXI

Adalberto Carvalho Ribeiro | UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

Resumo O objetivo é fazer reflexões sobre as juventudes e os fenômenos presentes no século XXI fazendo um destaque empírico, pontual, para compreender percepções de juventudes universitárias populares da Amazônia setentrional brasileira. A categoria juventudes tem sido de difícil enquadramento analítico mas a literatura aceita que processos de individualização estariam em curso desde a viragem do século XX. As questões de partida são: O que a literatura vem apontando quantos aos fenômenos do século XXI que atingem as juventudes? Quais as percepções de juventudes universitárias populares sobre questões específicas que podem lhes afligir? A abordagem metodológica além da consulta aos interlocutores especialistas nesse campo do saber também realizou pesquisa empírica com estudantes de licenciaturas de uma universidade federal da região norte do Brasil, razão pela qual estão sendo denominados de “juventudes populares”. Os resultados apontam, na literatura, consenso quanto a processos de individualização, preocupação com a dimensão social e no grupo estudado percepções para a aceitação do individualismo, competitividade, incertezas quanto ao futuro e vulnerabilidade social. Palavras-chave: Juventudes, flexibilidade, incertezas, Amazônia.

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Letramento Científico no Brasil e no Japão a partir dos resultados do PISA

Andriele Ferreira Muri Leite | UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

Letramento Científico no Brasil e no Japão a partir dos resultados do PISA Este estudo compara o Letramento Científico dos estudantes brasileiros e japoneses, com base nos resultados do PISA e contribui significativamente para a discussão do tema das desigualdades. Conduzimos as análises por triangulação de métodos combinando análises quantitativas e qualitativas. Os resultados mostram que o Brasil permaneceu no nível mais baixo do PISA em 2006 e 2015. O Japão tem um desempenho superior e continua melhorando nesse mesmo período. Há grande presença de DIF nos itens de Ciências de 2006 comparativamente entre Brasil e Japão. Esses itens não são capazes de comprometer o processo avaliativo, mas sugerem diferentes ênfases curriculares. O estudo empírico mostrou que o sucesso do Japão está provavelmente associado à existência de um currículo nacional, à formação de professores em serviço e às reformas do sistema educacional suscitadas pelos resultados do PISA. O baixo desempenho do Brasil estaria relacionado à falta de preparo dos alunos, à falta de familiaridade com o teste, à falta de treinamento dos professores e ao uso limitado de evidências produzidas por avaliações em larga escala. Palavras-chave: Letramento Científico; DIF; PISA; Brasil; Japão.

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O CAMPO DA SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA NOS PAÍSES HISPANO-FALANTES DA AMÉRICA DO SUL

Monique Aparecida Voltarelli | UnB - Universidade de Brasília

O CAMPO DA SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA NOS PAÍSES HISPANO-FALANTES DA AMÉRICA DO SUL Resumo: Este artigo refere-se a uma pesquisa de doutorado intitulada ( título omitido para garantir anonimato ). A pesquisa, de natureza qualitativa, realizou coleta de dados em países de língua espanhola da América do Sul no período de 2010 a 2013 por meio de investigações na Internet, visitas de campo e entrevistas com professores/pesquisadores. Para compreender a configuração do campo na América do Sul, recorreu-se ao conceito de campo científico de Bourdieu, juntamente com a realização de análise de conteúdo a fim de identificar os temas consagrados nas publicações, as abordagens teóricas, os caminhos metodológicos, as áreas predominantes e os elementos que estruturam o campo. Considera-se que o campo da Sociologia da Infância e o campo interdisciplinar dos Estudos Sociais das Infância coexistem nesses países, e que as produções europeias e norte-americanos tiveram grande influência nos países pesquisados, mas concluiu-se que os movimentos do campo podem estruturar outras maneiras para investigações e teorizações da infância no Hemisfério Sul. Palavras-chave: Sociologia da infância; Estudos Sociais das Crianças; América do Sul; Pesquisa.

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O JORNALISMO DE EDUCAÇÃO EM JOGO: LUTAS DE PODER EM UMA REDAÇÃO JORNALÍSTICA

Rodrigo Pelegrini Ratier | Faculdade Cásper Líbero

O JORNALISMO DE EDUCAÇÃO EM JOGO: LUTAS DE PODER EM UMA REDAÇÃO JORNALÍSTICA Resumo : O objetivo do presente trabalho é descrever e analisar, à luz de aportes da Sociologia da socialização, a disputa em torno das concepções de jornalismo dentro de uma redação. O veículo em tela é Nova Escola, maior publicação para professores no Brasil. O intervalo de análise vai de 2006 a 2015, período em que tensões internas e pressões externas à redação alteraram a composição de seu quadro de funcionários, seu escopo de produção, sua cultura de trabalho e seu perfil editorial. Apoiando-nos operacionalmente nas noções bourdiesianas de campo e de capital simbólico e no conceito de configuração de Norbert Elias, procuramos demonstrar a fluidez dos bens simbólicos em jogo e dos grupos que medem forças. Evidencia-se também a imprevisibilidade da disputa. Seu desfecho não é passível de ser controlado por nenhum dos atores do espaço social, exigindo deles intuição e sentido de jogo para planejar os movimentos seguintes e prever as ações dos adversários. Palavras-Chave: Jornalismo de educação. Capital simbólico. Configuração.

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O que pensam professores sobre a reprovação e os ciclos

Frederico Alves Almeida | FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

O QUE PENSAM PROFESSORES SOBRE A REPROVAÇÃO E OS CICLOS Resumo O objetivo deste trabalho é analisar as crenças sobre reprovação de um grupo de professores do ensino fundamental, assim como se estas crenças podem estar relacionadas às atitudes sobre o rendimento escolar nas escolas onde lecionam. Para isso, foram realizadas entrevistas com professores de duas escolas públicas do município de Contagem, Minas Gerais, posteriormente analisadas segundo categorias qualitativas e por meio de técnicas estatísticas exploratórias, em busca de estruturas analíticas para as opiniões dos professores. Os resultados mostram que muitos professores ainda creem na reprovação e em que ela possa melhorar o aprendizado dos alunos. Além disso, há uma relação entre os professores acreditarem na reprovação e existir um efeito atraso na escola onde trabalham. Concluímos que a permanência dessa crença favorece a persistência da reprovação que, por sua vez, contribui para a reprodução da escola pública que segrega e exclui. Palavras-chave: atraso escolar, crença na reprovação, ciclos.

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O território e o novo papel das escolas públicas nas favelas do Rio de Janeiro

Edson Diniz Nóbrega Junior | PUC Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

O território e o novo papel das escolas públicas nas favelas do Rio de Janeiro O presente artigo é em parte resultado de uma pesquisa realizada numa das maiores favelas cariocas e apresenta conceitos como a geografia das oportunidades e da eficácia normativa como chaves para a compreensão das dinâmicas territoriais. Valendo-se desses conceitos, discute a importância dos territórios populares para o trabalho escolar e defende que as escolas públicas devem assumir um novo papel nos territórios pobres na cidade do Rio de Janeiro. Esse novo papel passa pela superação de uma escola isolada e chega a uma escola aberta e irradiadora de ações formativas que conectam redes de instituições locais e que ao mesmo tempo afirma uma parceria estratégica com as famílias de seus estudantes. Parceria essa que pode levar à superação de conflitos e tensões resultantes da atual antinomia predominante nessas relações. Para tanto, é preciso que a escola incorpore e agregue agentes sociais dispostos a atuar em conjunto e a levar adiante a luta política necessária para transformar de fato a escola em um local de desenvolvimento territorial, formativo e humanizante. Palavras chave: Território, geografia das oportunidades, eficácia normativa, escolas públicas, favelas, relação escola família.

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PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS NA SOCIOLOGIA DE BOURDIEU E CONTRIBUIÇÕES PARA A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Aline Fagner de Carvalho E Costa | FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS NA SOCIOLOGIA DE BOURDIEU E CONTRIBUIÇÕES PARA A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO Resumo: Esboçam-se, neste ensaio, percursos epistemológicos de onde é possível acompanhar pistas sobre a construção da sociologia de Pierre Bourdieu e apontar possíveis contribuições para a compreensão da educação como objeto de estudo e como importante campo social em construção (estrutura estruturante). Como primeiro objetivo, indicam-se os proveitos que esse autor tira do pensamento clássico das ciências sociais de Durkheim, Weber e Marx no seu ferramental sociológico ao conciliar elementos epistemológicos muitas vezes controversos. Em seguida, retomam-se na produção de Bourdieu, princípios fundantes da sua sociologia e, inexoravelmente, de seu método praxiológico. Inserem-se, ao longo do texto, referências de sua produção em pleno modus operandi e da produção de importantes estudiosos de sua obra: brasileiros (CATANI, 2002; MICELI, 2015; SILVA, 1996; PESSOA e OLIVEIRA, 2013) e estrangeiros (CHARTIER, 2005; BONNAWITZ, 2003; BURAWOY, 2010). Por fim, o exercício de reflexão empreendido retoma a sociologia deste autor e aponta algumas de suas contribuições para a sociologia da educação. Palavras-chaves: Pierre Bourdieu. Ciências Sociais. Sociologia. Sociologia da Educação.

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PERMANÊNCIA E SUCESSO ESCOLAR NO ENSINO TÉCNICO INTEGRADO

Lenon Araújo de Matos | PUC Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

PERMANÊNCIA E SUCESSO ESCOLAR NO ENSINO TÉCNICO INTEGRADO RESUMO: O trabalho analisa as possíveis relações entre o perfil individual e as características das famílias com a trajetória acadêmica dos alunos dos cursos técnicos integrados em Petróleo e Gás e em Hospedagem do Instituto Federal Fluminense campus Cabo Frio (IFF Cabo Frio). Trata-se de um desdobramento de pesquisa anterior sobre os aspectos escolares que favorecem a permanência dos alunos e que analisou a trajetória dos 148 alunos ingressantes em 2014 nos referidos cursos, abrangendo os anos letivos de 2014, 2015 e 2016, no qual foram realizadas consultas aos registros institucionais, aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas. Partindo da discussão sobre o fenômeno da evasão escolar e os desafios do ensino médio – em particular sobre a modalidade profissional e integrada experimentada no IFF Cabo Frio -, apresenta-se o perfil e a trajetória dos alunos, analisando possíveis correlações com características socioculturais de suas famílias. Emergem da pesquisa contribuições para o debate sobre a reforma do Ensino Médio e sobre a viabilidade do modelo do ensino médio integrado. Palavras-chave: Permanência, Evasão, Sucesso Escolar.

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POLÍTICA DE CORREÇÃO DE FLUXO: EVIDÊNCIAS DE DESIGUALDADES NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO ATRAVÉS DO ESTUDO DAS TRAJETÓRIAS ESCOLARES

Maria de Fátima Magalhães de Lima | PUC Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Resumo Este estudo tem por propósito analisar as desigualdades observadas nas trajetórias escolares de alunos que cursaram o 5º ano do ensino fundamental em 2010, matriculados em projetos de correção de fluxo entre 2011 e 2013, até os desfechos das trajetórias em 2014. Baseia-se nos dados referentes à heterogeneidade das transições escolares que podem resultar em trajetórias mais ou menos acidentadas e desfechos diferenciados. Na análise das possíveis relações entre a política de correção de fluxo, as trajetórias escolares e os perfis dos alunos foram utilizados dados do Censo Escolar e da base de matrículas da rede de ensino, cotejados aos documentos oficiais. Os resultados indicam que (1) a política de correção de fluxo não favoreceu trajetórias regulares e desfechos equânimes que indiquem processos longevos de escolarização; (2) estratos socialmente mais privilegiados, ou seja, alunos brancos, do sexo feminino, alcançam desfechos mais promissores, sugerindo que a política não reduziu as desigualdades já acentuadas na sociedade e no interior do sistema. Palavras-chave : trajetórias escolares, correção de fluxo, desigualdades educacionais .

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QUANDO ‘O CONFLITO COMEÇA NA ENTRADA’: TENSÕES E ESTRATÉGIAS DOS GESTORES NA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

Priscila de Oliveira Coutinho | FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

QUANDO ‘O CONFLITO COMEÇA NA ENTRADA’: TENSÕES E ESTRATÉGIAS DOS GESTORES NA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA Este trabalho pretende contribuir para os estudos da relação família-escola, trazendo como agente desta trama o gestor escolar e sua capacidade de mobilizar recursos de senso prático para enfrentar os conflitos e tensões do cotidiano de um estabelecimento situado em um território vulnerável. Munidos de uma espécie de perspicácia sociológica “espontânea”, os gestores criam estratégias com o objetivo de sensibilizar as famílias para as necessidades da ordem escolar. O artigo analisa duas dessas estratégias: a) utilização de uma pedagogia do controle emocional que envolve aconselhamento e sutis demonstrações de respeito e consideração aos alunos e suas famílias e b) invocação de discursos de matiz religiosa para resolver conflitos institucionais, sobretudo de ordem disciplinar. A metodologia incluiu observação de campo ao longo de quinze meses e sete entrevistas semiestruturadas com os diretores e coordenadores pedagógicos. Conclui-se que as estratégias mobilizadas para amenizar situacionalmente as tensões cotidianas não são suficientes para dirimir as dissonâncias entre as ordens escolar e doméstica. Palavras-chave: Relação família-escola, vulnerabilidade social, gestão escolar.

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QUANDO AS PRÁTICAS EDUCATIVAS ESCOLARES E FAMILIARES AMPLIAM AS CHANCES DE SUCESSO NA ALFABETIZAÇÃO

Sandra Maria Perpétuo | UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS

QUANDO AS PRÁTICAS EDUCATIVAS ESCOLARES E FAMILIARES AMPLIAM AS CHANCES DE SUCESSO NA ALFABETIZAÇÃO Resumo A pesquisa buscou compreender as razões do sucesso na alfabetização em uma escola pública localizada em território vulnerável. Em um universo de 19 escolas de Governador Valadares- MG, foi escolhida uma delas por apresentar, no período de 2014 a 2016, maior percentual de alunos no nível avançado em alfabetização no Programa de Avaliação da Alfabetização (PROALFA). A metodologia adotada foi o estudo de caso, desenvolvido por meio de entrevistas semiestruturadas com profissionais que atuaram na escola no período, observação das práticas desenvolvidas pela escola em alfabetização e entrevistas com cinco famílias das crianças com sucesso no PROALFA. Os resultados mostraram que, dos cinco mecanismos que explicam a eficácia da escola diante da vulnerabilidade social do território, a relação da escola com as famílias é um dos fatores que impactam no desempenho das crianças em alfabetização. Há uma forte atuação dos profissionais da escola com as famílias, o que ajuda a potencializar o capital cultural familiar e amplia as chances das crianças se apropriarem dos conteúdos escolares. Palavras-chave: Relação família e escola; Sucesso na alfabetização; Território vulnerável.

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RELAÇÃO FAMÍLIAS, ESCOLA E CONSELHO TUTELAR: sentidos construídos pelos familiares de crianças e de adolescentes de uma escola pública de Belo Horizonte

Islaine Natalia Demetrio | FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

RESUMO Este artigo tem como objetivo compreender os sentidos que as famílias, das crianças e dos adolescentes de uma escola do Ensino Fundamental da rede municipal de Belo Horizonte, atribuem às instituições escola e Conselho Tutelar (CT), considerando as relações estabelecidas entre elas e a interferência dessas relações nos processos educativos escolares. Também investigamos como se constituem as configurações familiares das crianças e dos adolescentes encaminhadas ao CT. Para a construção deste trabalho, baseamos em alguns autores, entre eles Carvalho e Ristum (2013), Thin (2006) e Nogueira (2005). Foram realizadas entrevistas compreensivas com familiares das crianças e dos adolescentes atendidos pelo CT. Essas incursões em campo indicaram a necessidade de aproximação dos contextos familiares, para compreendermos o lugar que esses atores ocupam na tríade família-escola-CT e que os encaminhamentos feitos ao CT, interferem nas relações cotidianas entre essas duas instâncias de socialização e nos processos educativos escolares. Palavras-chave : Escola. Família. Conselho Tutelar. Criança e Adolescente.

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RELAÇÕES ESCOLA-FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Francisca Jocineide da Costa E Silva | UFPB - Universidade Federal da Paraíba

RELAÇÕES ESCOLA-FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Resumo Este trabalho apresenta um recorte de resultados de pesquisa de tese de doutorado que objetivou analisar as relações escola-família no processo de construção das identidades de gênero das crianças na Educação Infantil. A pesquisa foi realizada em uma instituição de educação infantil (IEI) de uma capital nordestina, junto a educadoras escolares e familiares, utilizando observação, entrevista e questionário para produção dos dados. O referencial teórico-metodológico baseou-se na conceituação de gênero e relações escola-família e na análise de conteúdo. Constatou-se que na IEI, as construções das identidades de gênero das crianças ocorrem, se não por prescrições explícitas, por meio de uma pedagogia organizacional e visual silente, evidenciada nas decorações e comemorações da IEI, que reproduzem separações e diferenças de gênero no marco da heteronormatividade. Sem acordos explícitos e formais entre famílias e IEI, esta baseia suas práticas em suposições acerca das expectativas das famílias e acata supostas preferências familiares, com base na afirmação de que as aprendizagens de gênero binárias e dicotômicas vêm de casa. Palavras-chave: Gênero. Educação Infantil. Relações escola-família.

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Trajetórias de estudantes migrantes internacionais face às desigualdades educacionais no Brasil, de 2014 a 2017

Ana Lorena de Oliveira Bruel | UFPR - Universidade Federal do Paraná

Trajetórias de estudantes migrantes internacionais face às desigualdades educacionais no Brasil, de 2014 a 2017 Resumo Este artigo apresenta um estudo sobre os percursos escolares de estudantes migrantes internacionais matriculados na Educação Básica no Brasil entre os anos de 2014 e 2017. A intenção da pesquisa é construir um panorama nacional sobre a distribuição desses estudantes e analisar suas trajetórias, sobretudo em relação à permanência no sistema de ensino. O estudo, organizado a partir de uma perspectiva longitudinal e quantitativa, analisa o fluxo escolar de migrantes internacionais e as trajetórias dos estudantes a partir de três coortes iniciadas em 2014 a fim de discutir o conceito de “trajetória protegida” no ensino fundamental e no ensino médio, no contexto de um sistema de ensino perpassado por desigualdades sociais e educacionais. A pesquisa identifica uma intensa rotatividade dos estudantes, que pode estar relacionada à evasão, continuidade dos processos migratórios, fragilidades da documentação e registro de matrícula junto ao Censo. Palavras-chave: desigualdades educacionais; estudantes migrantes internacionais; políticas educacionais; trajetórias protegidas

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